Vaticano

Papa preside Missa de abertura do Sínodo para o Oriente Médio

O Papa Bento XVI presidiu a Missa de abertura dos trabalhos do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, neste domingo, 14, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Em sua homilia, destacou a dimensão “prevalentemente pastoral” desta assembleia, mas reconheceu que “não se possa ignorar a delicada e muitas vezes dramática situação social e política de alguns países”.

“Viver dignamente na sua própria pátria é um direito fundamental”, disse o Papa, se referindo a situação dos católicos da Terra Santa e dos palestinianos em geral. Pelo que “há que favorecer condições de paz e de justiça, indispensáveis para um desenvolvimento harmonioso de todos os habitantes da região”.

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Bento XVI congratulou-se por “ver reunidos, pela primeira vez, numa Assembleia sinodal, à volta do Bispo de Roma e Pastor da Igreja universal” os Bispos do Médio Oriente.

“Antes de mais, elevamos a nossa ação de graças ao Senhor da história, por ter permitido que, não obstante vicissitudes por vezes difíceis e tormentosas, o Oriente Médio tenha sempre visto, desde os tempos de Jesus até hoje, a continuidade da presença dos cristãos. Naquelas terras, a única Igreja de Cristo exprime-se na variedade de tradições litúrgicas, espirituais, culturais e disciplinares das seis veneradas Igrejas Orientais Católicas sui júris, como também na tradição latina”, ressaltou.

Refletindo sobre as leituras da Missa deste domingo, o Papa recordou o projeto divino de salvação, numa “pedagogia” que iniciou com a “mediação do povo de Israel, que se tornou depois a de Jesus Cristo e da Igreja”, como “porta”, “passagem definitiva e necessária”.

A “terra” da liberdade e da paz, à qual o Deus de Abraão, Isaac e Jacob quer conduzir o seu Povo, esta “terra” não é deste mundo. “Todo o desígnio divino excede a história, mas o Senhor quer construí-lo com os homens e para os homens, a partir das coordenadas de espaço e de tempo em que eles vivem”, sublinhou o Papa.

“Dessas coordenadas faz parte, com a sua especificidade, aquilo que chamamos o Oriente Médio”, explicou: “É a terra de Abraão, de Isaac e de Jacob; a terra do Êxodo e do regresso do exílio; a terra do Templo e dos Profetas; a terra em que o Filho Unigênito nasceu de Maria, ali viveu, morreu e ressuscitou; é o berço da Igreja, constituída para levar o Evangelho de Cristo até aos confins do mundo. Também nós, como crentes, é nesta ótica que olhamos para o Oriente Médio, na perspectiva da história da salvação. A ótica interior que me guiou nas viagens apostólicas à Turquia, à Terra Santa – Jordânia, Israel, Palestina – e a Chipre, onde pude conhecer de perto as alegrias e as preocupações das comunidades cristãs”.

Olhar para este parte do mundo na perspectiva de Deus – prosseguiu o Papa – significa reconhecer nela o “berço” de um projeto universal de salvação no amor, um mistério de comunhão que se concretiza na liberdade, requerendo portanto dos homens uma resposta.

A Igreja é constituída para ser, no meio dos homens, sinal e instrumento do único e universal projeto salvífico de Deus. "E cumpre esta missão sendo, simplesmente, ela mesma, isto é, “comunhão e testemunho”, como reza o tema desta assembleia sinodal. Esta comunhão é a própria vida de Deus. A Igreja vive sempre daquela força que a fez partir e a faz crescer: do fogo e da luz do Espírito Santo. O Pentecostes é um dinamismo permanente na vida da Igreja. E este Sínodo é um momento privilegiado para que se renova no caminho da Igreja a graça do Pentecostes".

“O objetivo desta assembleia sinodal é prevalentemente pastoral. Embora não podendo ignorar a delicada e por vezes dramática situação social e política de alguns países, os Pastores das Igrejas no Médio Oriente desejam concentrar-se sobre os aspectos próprios da sua missão. (…) Sob a guia do Espírito Santo, reavivar a comunhão da Igreja Católica no Oriente Médio. Antes de mais no interior de cada Igreja, entre todos os seus membros (…_ E, depois, também nas relações com as outras Igrejas”, destacou Bento XVI.

Mas os trabalhos deste Sínodo referem-se também ao “testemunho” dos cristãos – a nível pessoal, familiar e social -, nomeadamente os da Terra Santa. Que esses fiéis sintam a alegria de viver na Terra Santa, terra abençoada pela presença e pelo mistério pascal do Senhor Jesus.

“Não obstante as dificuldades, os cristãos da Terra Santa são chamados a reavivar a consciência de serem pedras vivas da Igreja no Oriente Médio, junto dos Lugares santos da nossa salvação. Contudo, viver de modo digno na sua própria pátria é antes de mais um direito humano fundamental: portanto, há que favorecer as condições de paz e de justiça, indispensáveis para um desenvolvimento harmonioso de todos os habitantes da região. Portanto, todos estão chamados a dar o seu próprio contributo: a comunidade internacional, apoiando um caminho fiável, leal e construtivo em direção à paz; e as religiões mais presentes na região, promovendo os valores espirituais e culturais que unem os homens e excluem qualquer expressão de violência”.

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