Palavra do Papa

Discurso do Papa à Assembleia das Pontifícias Obras Missionárias

Senhor Cardeal,
venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
queridos irmãos e irmãs!

Sejais bem-vindos! Dirijo a minha cordial saudação ao Cardeal Ivan Dias, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, a quem agradeço pelas amáveis palavras, ao secretário Dom Robert Sarah, ao secretário adjunto Dom Piergiuseppe Vacchelli, ao presidente das Pontifícias Obras Missionárias, a todos os colaboradores do Dicastério, e, de modo particular, à Diretoria Nacional das Pontifícias Obras Missionárias, vindos à Roma de todas as Igrejas para a anual Assembleia Ordinária do Conselho Superior.

Sou particularmente grato a esta Congregação, à qual o Concílio Vaticano II, em consonância com a Constituição que a fundou em 1622, confirmou o papel de "orientar e coordenar, em todo o mundo, tanto a atividade como a cooperação missionária" (Decreto Ad Gentes, 29). É uma missão imensa, aquela da evangelização, especialmente nestes nossos tempos, em que a humanidade sofre de uma certa falta de pensamento reflexivo e sabedoria (cf. Caritas in Veritate, 19. 31) e se difunde um humanismo que exclui a Deus (cf. ibid. 78). Por isso, é ainda mais urgente e necessário iluminar os novos problemas que surgem com a luz do Evangelho que não muda. Estamos, da fato, convictos de que o Senhor Jesus Cristo, testemunha fiel do amor do Pai, "com a sua morte e ressurreição, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira" (ibid. 1). No início de meu ministério como Sucessor do Apóstolo Pedro, afirmei com força: "nós existimos para mostrar Deus aos homens. E só onde se vê Deus, começa verdadeiramente a vida. Só quando encontramos em Cristo o Deus vivo, conhecemos o que é a vida. […] Não há nada mais belo do que ser alcançados, surpreendidos pelo Evangelho, por Cristo. Não há nada de mais belo do que conhecê-Lo e comunicar aos outros a Sua amizade" (Homilia no início do ministério petrino, 24 de abril de 2005). A pregação do Evangelho é um inestimável serviço que a Igreja pode oferecer à humanidade inteira que caminha na história. Provenientes das Dioceses de todo o mundo, vós sois um sinal eloquente e vivo da catolicidade da Igreja, que se concretiza no respiro universal da missão apostólica, "até os confins da terra" (At 1, 8), "até o fim do mundo" (Mt 28, 20), para que nenhum povo ou ambiente seja privado da luz e da graça de Cristo. Este é o sentido, a trajetória histórica, a missão e a esperança da Igreja.

A missão de anunciar o Evangelho a todas as nações é opinião crítica sobre as transformações planetárias que estão alterando substancialmente a cultura da humanidade. A Igreja, presente e operante nas fronteiras geográficas e antropológicas, é portadora de uma mensagem que permanece na história, onde proclama os valores inalienáveis da pessoa, com o anúncio e o testemunho do plano salvífico de Deus, tornado visível e operante em Cristo. A pregação do Evangelho é a chamada à liberdade dos filhos de Deus, também para a construção de uma sociedade mais justa e solidária para nos preparar à vida eterna. Quem participa na missão de Cristo deve, inevitavelmente, enfrentar as tribulações, conflitos e sofrimentos, pois entra em conflito com as forças e os poderes deste mundo. E nós, como o apóstolo Paulo, não temos outras armas que não sejam a palavra de Cristo e sua Cruz (cf. 1 Cor 1, 22-25). A missão ad gentes exige da Igreja e dos missionários a aceitação das consequências do próprio ministério: a pobreza evangélica, que lhes dá a liberdade para pregar o Evangelho com ousadia e coragem; a não violência, para que eles respondam ao mal com o bem (cf. Mt 5, 38-42; Rm 12, 17-21); a disponibilidade de dar a vida pelo nome de Cristo e por amor aos homens.

Como o apóstolo Paulo demonstrava a autenticidade de seu apostolado através das perseguições, feridas e tormentos súbitos (cf. 2 Cor 6-7), assim as perseguições também são prova da autenticidade de nossa missão apostólica. Mas é importante lembrar que o Evangelho "toma corpo nas consciências e nos corações humanos e expande-se na história. Em tudo isto, é o Espírito Santo que dá a vida" (João Paulo II, Encíclica Dominum et vivificantem, 64) e a Igreja e os missionários são por Ele capacitados a cumprir a missão que lhes é confiada (cf. ibid. 25). É o Espírito Santo (cf. 1 Cor 14) que une e preserva a Igreja, dando-lhe a força para expandir-se, preenchendo os discípulos de Cristo com uma riqueza transbordante de carismas. É do Espírito Santo que a Igreja recebe a autoridade do anúncio e do ministério apostólico. Por isso, desejo reafirmar com força o que já disse a propósito do desenvolvimento (cf. Caritas in Veritate, 79), ou seja, que a evangelização precisa de cristãos com os braços levantados para Deus em oração, cristãos movidos pelo conhecimento de que a conversão do mundo a Cristo não é produzida por nós, mas nos é doada. A celebração do Ano Sacerdotal, na verdade, nos ajudou a ter uma maior consciência de que o trabalho missionário exige uma união sempre mais profunda com Aquele que é o Enviado de Deus Pai para a salvação de todos; exige a partilha daquele "novo estilo de vida" que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e feito próprio pelos Apóstolos (cf. Discurso aos participantes da Plenária da Congregação para o Clero, 16 de março de 2009).

Queridos amigos, meu agradecimento é ainda para todos vós das Pontifícias Obras Missionárias, que de diversas maneiras estais empenhados a manter viva a consciência missionária das Igrejas particulares, levando-as a uma mais ativa participação na missio ad gentes, com a formação e envio de missionários e missionárias e a ajuda solidária às jovens Igrejas. Um vivo agradecimento pela acolhida e formação de padres, religiosas, seminaristas e leigos nos Colégios Pontifícios da Congregação. Enquanto confio o vosso serviço eclesial à proteção de Maria Santíssima, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, abençoo de coração a todos vós.

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