Viagem Apostólica

Papa em Portugal: busca da verdade é missão prioritária da Igreja

“A Igreja sente como sua missão prioritária, na cultura atual, manter desperta a busca da verdade e, consequentemente, de Deus; levar as pessoas a olharem para além das coisas penúltimas e porem-se à procura das últimas. Convido-vos a aprofundar o conhecimento de Deus tal como Ele Se revelou em Jesus Cristo para a nossa total realização. Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza”.Bento XVI destinou essa reflexão às mais de mil personalidades do mundo da cultura portuguesa (artes, academia e confissões religiosas, etc.), com quem encontrou-se na manhã desta quarta-feira, 12, no Centro Cultural de Belém (CCB). O evento aconteceu após o Pontífice celebrar a Missa em privado na Nunciatura Apostólica de Lisboa.

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.: Discurso de Bento XVI ao mundo da cultura português
.: OUÇA Discurso do Papa (em português)

.: Saudação de Dom Manuel Clemente
.: Intervenção do cineasta Manoel de Oliveira

Leia mais

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O Santo Padre explicou que a cultura vive hoje uma espécie de “tensão” entre o presente e a tradição, o que ganha o status de “conflito” por diversas vezes.

“A dinâmica da sociedade absolutiza o presente, isolando-o do patrimônio cultural do passado e sem a intenção de delinear um futuro”, explicou Bento XVI.
Nesse sentido, o “conflito” se expressa através da crise da verdade. “Só esta pode orientar e traçar o rumo de uma existência realizada, como indivíduo e como povo. De fato, um povo que deixa de saber qual é a sua verdade fica perdido nos labirintos do tempo e da história, sem valores claramente definidos, sem objetivos grandiosos claramente enunciados”.

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Diálogo

O Papa disse que a Igreja apresenta-se como defensora de uma sã e alta tradição que coloca ao serviço da sociedade, e busca conviver, na sua adesão ao caráter perene da verdade, “com o respeito por outras ‘verdades’ ou com a verdade dos outros é uma aprendizagem que a própria Igreja está a fazer. Nesse respeito dialogante, podem abrir-se novas portas para a comunicação da verdade”.

O diálogo apresenta-se como uma prioridade no mundo, à qual a Igreja não se exclui, disse Bento XVI.

“Foi para ‘pôr o mundo moderno em contato com as energias vivificadoras e perenes do Evangelho’ que se fez o Concílio Vaticano II, no qual a Igreja, a partir de uma renovada consciência da tradição católica, assume e discerne, transfigura e transcende as críticas que estão na base das forças que caracterizaram a modernidade, ou seja, a Reforma e o Iluminismo. Assim a Igreja acolhia e recriava por si mesma, o melhor das instâncias da modernidade, por um lado, superando-as e, por outro, evitando os seus erros e becos sem saída. O evento conciliar colocou as premissas de uma autêntica renovação católica e de uma nova civilização – a ‘civilização do amor’ – como serviço evangélico ao homem e à sociedade”.

Cumprimentos e surpresa

O Papa foi saudado pelo Bispo do Porto e presidente da Comissão episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, Dom Manuel Clemente, e pelo cineasta mais velho em atividade no mundo, Manoel de Oliveira, de 101 anos. A ministra da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas, também esteve presente no Encontro.

O discurso papal foi proferido logo após uma breve execução musical. Ao final, a sala do Centro Cultural de Belém (CCB) colocou-se em pé para aplaudir as palavras proferidas pelo Papa.

Ao som do “Magnificat”, entoado pelo coro da Gulbenkian, o Pontífice foi cumprimentado por vários participantes convidados. Entre eles, encontram-se os representantes das cinco principais confissões religiosas em Portugal: Comunidade Judaica (José Carp), Hindu (Ashok Hansraj), Aliança Evangélica Portuguesa (Fernando Soares Loja), Comunidade Islâmica (Abdool Vakil) e Ismaelita (Nazimudin Ahmad Mahomed).

Na saída do CCB, Bento XVI quebrou o protocolo e as regras de segurança, abandonando a viatura blindada para ir cumprimentar algumas crianças. Segundo o coordenador-geral da Visita, Dom Carlos Azevedo, o episódio aconteceu quando a viatura blindada em que o Papa seguia foi imobilizada momentamente ao deixar o edifício.

“Bento XVI saiu do carro e dirigiu-se para algumas crianças que estavam ali. Foi o delírio. Todos começaram a correr para o Papa e a segurança foi apanhada de surpresa”, acrescentou.

De volta à Nunciatura Apostólica, o Santo Padre encontrou-se com o primeiro ministro José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, acompanhado do Ministro do Exterior, da República e do Embaixador de Portugal diante da Santa Sé. Após, almoçou com os membros do séquito papal.

Saiba mais sobre a visita

Bento XVI chegou nesta terça-feira, 11, a Portugal. Lisboa é a primeira cidade a receber o Pontífice, que também visita Fátima e Porto, celebrando três missas e proferindo sete discursos, além de dirigir uma mensagem e uma saudação aos fiéis portugueses. Nesta 15ª viagem apostólica de seu Pontificado, o Papa vai centrar as suas intervenções em três eixos fundamentais: a cultura, a ação social e a vida da Igreja em Portugal.

No entanto, um dos principais motivos para esta viagem é a celebração do décimo aniversário da beatificação de Jacinta e Francisco Marto, reafirmado pelo próprio Bento XVI no último domingo, 9, durante a saudação inicial da oração Regina Coeli. Neste ano, o País anfitrião também celebra os 100 anos da Proclamação da República.

O Papa vai proferir sete discursos: à chegada e à partida (11 e 14 de Maio), no Encontro com o Mundo da Cultura (dia 12), na celebração das Vésperas e na Bênção das Velas em Fátima (ambas no dia 12) e nos encontros com os agentes da Pastoral Social e com os Bispos, igualmente em Fátima (dia 13).

Terceiro Papa a visitar Fátima, depois de Paulo VI (1967) e João Paulo II (1982, 1991 e 2000), Bento XVI esteve, enquanto Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, estreitamente ligado às Aparições, estudando profundamente a Mensagem de Fátima, além de ter presidido às cerimônias do 13 de Maio em 1996. Foi o autor do comentário teológico sobre a Terceira Parte do Segredo de Fátima, revelado precisamente em 2000, quando João Paulo II se deslocou pela terceira e última vez a Portugal.

A maioria das viagens de Bento XVI foi realizada na Europa: quatro em países que fazem fronteira com a sua Alemanha natal – Polônia (2006), Áustria (2007), França (2008) e República Checa (2009) -, outras duas viagens a solo germânico (2005 e 2006), Espanha (2006), Turquia (2006) e Malta (2010).

Ainda neste ano, o Papa fará mais três viagens em território europeu: Chipre, Reino Unido e Espanha.

Acesse os documentos
.: Hino oficial da visita
.: OUÇA o Hino

.: Nota Pastoral dos Bispos (out/2009)
.: Nota Pastoral dos Bispos (mar/2010)
.: Livreto das Celebrações Litúrgicas
.: Catequese preparatória 1 – Visita do Papa: desafios à Igreja de Lisboa
.: Catequese preparatória 2 – Ainda precisamos de Pedro?
.: Carta dos jovens ao Papa
.: Carta das crianças ao Papa
.: Citações do Cardeal Ratzinger
– Em Lisboa
.:
Tríptico das atividades da visita

.: Informações sobre os espaços litúrgicos
.: Infográfico dos compromissos do Papa na capital
– Em Porto
.: Informações sobre a visita

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