A tradicional Audiência Geral da quarta-feira é, hoje, inundada pela alegria luminosa da Páscoa. Nestes dias, de fato, a Igreja celebra o mistério da Ressurreição e experimenta a grande alegria que surge da boa notícia do triunfo de Cristo sobre o mal e a morte. Uma alegria que se prolonga não somente durante a Oitava da Páscoa, mas se estende por cinquenta dias até Pentecostes. Após as lágrimas e o desânimo da Sexta-feira Santa, e após o silêncio cheio de expectativa do Sábado Santo, eis o anúncio maravilhoso: "Verdadeiramente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!" (Lc 24, 34). Essa, em toda a história do mundo, é a "boa notícia" por excelência, é o "Evangelho" anunciado e transmitido através dos séculos, de geração em geração. A Páscoa de Cristo é o ato supremo e insuperável do poder de Deus. É um evento absolutamente extraordinário, o fruto mais bonito e maduro do "mistério de Deus". É tão extraordinário a ponto de se tornar inenarrável naquelas dimensões que escapam à nossa capacidade humana de conhecimento e investigação. E, no entanto, esse é também um fato "histórico", real, testemunhado e documentado. É o acontecimento que funda toda a nossa fé. É o conteúdo central no qual cremos e o motivo principal por que acreditamos.
O Novo Testamento não descreve a Ressurreição de Jesus enquanto processo. Refere-se sobretudo aos testemunhos daqueles que encontraram Jesus em pessoa após sua ressurreição. Os três Evangelhos sinóticos nos relatam que aquele anúncio – "Ressuscitou!" – foi proclamado inicialmente por alguns anjos. É, portanto, um anúncio que tem origem em Deus; mas Deus o confia imediatamente aos seus "mensageiros" para que o transmitam a todos. Assim, são esses próprios anjos que convidam as mulheres, que se dirigiram ao sepulcro de manhã cedo, a ir rapidamente dizer aos discípulos: "Ele ressuscitou dentre os mortos, e eis que vos precede na Galiléia; lá o verão" (Mt 28, 7). Desse modo, mediante as mulheres do Evangelho, aquele mandato divino atinge todos e cada um para que, por sua vez, transmitam a outros, com fidelidade e coragem, essa mesma notícia: uma boa notícia, prazerosa e portadora de alegria.
Sim, queridos amigos, toda a nossa fé se baseia sobre a transmissão constante e fiel desta "boa notícia". E nós, hoje, desejamos expressar a Deus nossa profunda gratidão pela incontável legião de crentes em Cristo que nos precederam através dos séculos, porque não menosprezaram o chamado fundamental de anunciar o Evangelho que haviam recebido. A boa notícia da Páscoa, portanto, requer o trabalho de testemunhas entusiastas e corajosas. Todo o discípulo de Cristo, também cada um de nós, é chamado a ser testemunha. É esse o preciso, desafiador e emocionante mandato do Senhor Ressuscitado. A "notícia" da vida nova em Cristo deve resplandecer na vida do cristão, deve ser viva e ativa – no que a toca, realmente capaz de mudar o coração, a existência toda. Ela é viva, antes de tudo, porque Cristo mesmo é sua alma vivente e que lhe dá vida. Nos recorda São Marcos ao final de seu Evangelho, onde escreve que os Apóstolos "partiram e pregaram por toda parte, enquanto o Senhor agia junto com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam" (Mc 16, 20).
Os acontecimentos na vida dos Apóstolos são também os nossos e aqueles de todo o crente, de todo o discípulo que se torna "anunciador". Também nós, de fato, estamos confiantes de que o Senhor, hoje como ontem, trabalha em conjunto com suas testemunhas. Esse é um fato que podemos reconhecer cada vez que vemos brotar as sementes de uma paz verdadeira e duradoura, lá onde o empenho e o exemplo dos cristãos e dos homens de boa vontade são motivados pelo respeito à justiça, pelo diálogo paciente, pela estima convicta pelos outros, pelo desinteresse, pelo sacrifício pessoal e comunitário. Infelizmente, vemos no mundo também muito sofrimento, tanta violência, tantas incompreensões. A celebração do Mistério pascal, a contemplação alegre da Ressurreição de Cristo, que vence o pecado e a morte com a força do Amor de Deus, é ocasião propícia para redescobrir e professar com mais convicção a nossa confiança no Senhor ressuscitado, que acompanha as testemunhas da sua palavra, fazendo maravilhas em conjunto com eles. Seremos verdadeiras e completas testemunhas de Jesus ressuscitado quando deixarmos transparecer em nós a maravilha do seu amor; quando em nossas palavras e, ainda mais, em nossos gestos, em plena coerência com o Evangelho, se poderá reconhecer a voz e a mão do próprio Jesus.
Para toda a parte, portanto, o Senhor nos envia como suas testemunhas. Mas o podemos ser apenas a partir e em referência contínua à experiência pascal, aquela que Maria Madalena expressa anunciando aos outros discípulos: "Eu vi o Senhor" (Jo 20, 18). Nesse encontro pessoal com o Ressuscitado está o fundamento inabalável e o conteúdo central da nossa fé, a fonte inesgotável e inexaurível da nossa esperança, o dinamismo ardente da nossa caridade. Assim, a nossa própria vida cristã coincidirá plenamente com o anúncio: "Cristo Senhor ressuscitou verdadeiramente". Deixemo-nos, por isso, conquistar pelo fascínio da Ressurreição de Cristo. A Virgem Maria nos sustente com sua proteção e ajude-nos a desfrutar plenamente da alegria pascal, para que saibamos levá-la a nossa volta e a todos os nossos irmãos.
Mais uma vez, Feliz Páscoa a todos!
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