O primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, fez hoje, 13, um histórico pedido de perdão aos aborígenes pelas injustiças cometidas durante dois séculos de colonização branca e afirmou que queria deste modo "apagar uma grande mancha da alma da nação".
O pedido de desculpas representa um momento decisivo na turbulenta história das relações raciais na Austrália. As redes de televisão o exibiram ao vivo e milhares de pessoas se reuniram diante de telões gigantes nas principais cidades para acompanhar o acontecimento.
O primeiro-ministro se referiu aos "maus-tratos do passado" sofridos por todos os aborígenes e não só pelas "gerações roubadas", como são chamadas as milhares de crianças mestiças retiradas de suas famílias até 1970 com o objetivo de assimilá-las pela sociedade branca, enquanto se esperava que os aborígenes puros desaparecessem.
O trabalhista Rudd, que pôs fim a 11 anos de governo de Howard, com uma esmagadora vitória nas eleições de novembro passado, criticou a rejeição de seu antecessor em pedir desculpas apesar de um informe oficial apresentado em 1997 que recomendava essa iniciativa.
Howard foi o único ex-primeiro-ministro em vida a não assistir à cerimônia no Parlamento. Seu Partido Liberal, que agora está na oposição, apoiou a moção do pedido de perdão.
Acredita-se que na Austrália havia cerca de um milhão de aborígenes no início da colonização branca. Hoje, restam apenas cerca de 470 mil.