operação Hashtag

PF prende grupo suspeito de planejar atos terroristas na Rio 2016

A Polícia Federal desmonta suposta célula do Estado Islâmico que preparava atentado no país a 15 dias da Olimpíada Rio 2016

Da Redação, com Reuters

A 15 dias da cerimônia abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, a Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira,21, dez pessoas que faziam parte de uma suposta célula amadora do grupo jihadista Estado Islâmico que realizava atos preparatórios de terrorismo no Brasil, em uma operação inédita no país.

A chamada operação Hashtag foi realizada a partir das quebras de sigilo de dados e telefônicos dos suspeitos, que passaram de uma fase inicial de declarações via internet a realizar atos preparatórios para possíveis atentados, como treinamentos de artes marciais, armamentos e tiro, de acordo com o Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

“Houve um primeiro contato comprovado com o Estado Islâmico, contato não pessoal, contato via internet, o juramento. Na sequência, houve uma série de atos preparatórios, e em um determinado momento esse próprio grupo deixou de entender que o Brasil seria um país neutro… e passou a entender que em virtude da Olimpíada o Brasil poderia eventualmente se tornar em um alvo”, disse Moraes em entrevista coletiva sobre a operação em Brasília.

Segundo o Ministro, a suposta célula era “absolutamente amadora, sem nenhum preparo”, mas qualquer ato de terrorismo, “por mais insignificante que seja”, terá uma resposta rápida das autoridades de segurança.

Como parte da operação, foram expedidos 12 mandados de prisão temporária pela Justiça Federal do Paraná, dos quais 10 foram cumpridos em 10 Estados diferentes nesta manhã. Dois suspeitos ainda não foram detidos. Segundo a Justiça, o processo tramita sob sigilo e não serão divulgadas informações a respeito dos suspeitos.

“Informações obtidas, dentre outras, a partir das quebras de sigilo de dados e telefônicos, revelaram indícios de que os investigados preconizam a intolerância racial, de gênero e religiosa, bem como o uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus objetivos”, disse a Justiça Federal em comunicado.

O presidente interino Michel Temer acompanhou nesta manhã o desenrolar da operação da PF e convocou uma reunião com autoridades do setor de segurança fora de sua agenda para discutir o caso.

Sobre a operação

A ação da PF ocorre dias após o serviço internacional de inteligência SITE, especializado no combate ao terrorismo, informar que um suposto grupo militante intitulado Ansar al-Khilafah Brazil declarou apoio ao movimento jihadista Estado Islâmico em publicação em um aplicativo de mensagens e promoveu propaganda jihadistas em inglês e português.

De acordo com o SITE, um jihadista apoiador do Estado Islâmico denominado Ismail Abdul Jabbar al-Brazili enviou mensagens em português pelo serviço Telegram repetindo discurso de um porta-voz oficial do grupo militante, além de outras mensagens.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) já havia confirmado no mês passado que equipes de inteligência que atuam próximas ao plano de segurança dos Jogos do Rio 2016 tinham detectado a abertura de uma conta em português no Telegram para a troca de informações sobre o Estado Islâmico, mas as autoridades vinham garantindo que não havia sido detectada qualquer ameaça de ataque ao país.

A preocupação com um possível atentado no país durante os Jogos Olímpicos, de 5 a 21 de agosto, cresceu recentemente na esteira de ataques na França, nos Estados Unidos e em outros países, que posteriormente foram reivindicados pelo Estado Islâmico, grupo que ocupa territórios na Síria e no Iraque e que enfrenta uma coalizão militar liderada pelos EUA.

 

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