A infertilidade representa um grave problema médico que atinge cerca de 15% da população mundial, chegando a 30% nos países em desenvolvimento. Reconhecendo o sofrimento que este problema pode causar na vida de muitos casais católicos, a Pontifícia Academia para a Vida organizou um workshop intitulado “Diagnóstico e Terapia da infertilidade”.
Cientistas ilustres de diversas partes do mundo se encontraram entre os dias 23 a 25 de fevereiro, em Roma, para discutir as causas hormonais médicas e anatômicas da infertilidade feminina e aquelas que comprometem a capacidade reprodutiva masculina.
Em entrevista para o noticias.cancaono.com, o chanceler deste órgão vaticano, padre Enzo Pegararo salienta que a Igreja Católica apóia as pesquisas científicas para o tratamento da infertilidade, respeitando a dignidade do ser humano. Confira a entrevista.
noticias.cancaonova.com – Este é o primeiro workshop sobre o tema da infertilidade promovido por esta academia?
Pe. Enzo Pegararo – Este é o primeiro evento que tem por objetivo oferecer uma ocasião importante de grande valor científico para abordar os casos e causas de infertilidade e quais os tratamentos para resolver esse problema.
A convenção quer insistir sobre a prevenção. A comunidade científica e toda sociedade deve fazer mais para prevenir, evitar, para ajudar os casais para que não tenham problema quanto à fertilidade.
Esta convenção também pretende ver como difundir ainda mais as informações. As conclusões dessa convenção ainda serão publicadas como suplementos.
noticias.cancaonova.com – Quais tratamentos a Igreja Católica recomenda a seus fiéis?
Pe. Enzo Pegararo – A Igreja recomenda aos fiéis que sejam cuidadosos e atentos para sua própria fertilidade para não perdê-la, apelando para a responsabilidade de cada um para uma vida saudável, evitando a transmissão de doenças sexualmente transmitidas e tudo aquilo que pode fazer perder a fertilidade.
Um dos aspectos importantes, especialmente no ocidente, é também a idade da mulher na primeira gravidez. Isso requer uma mudança de estilo de vida, programação das escolhas, do trabalho, da família, portando uma maior atenção para não se encontrar aos 40 anos pensando então em ter um filho.
E depois, a Igreja encoraja toda a comunidade médica e científica para elaborar curas que resolvam esse problema, sejam tratamentos hormonais, cirúrgicos ou psicológicos. Tudo isso é moralmente aceitável pela Igreja.
noticias.cancaonova.com – Estes tratamentos são acessíveis para todos?
Pe. Enzo Pegararo – Muitos desses tratamentos são acessíveis, porque já fazem parte do conhecimento médico geral, como certos tratamentos hormonais ou intervenções cirúrgicas de reparação ou correção. É preciso agora melhorar. Em alguns países pode ser mais difícil, pois falta estrutura, conhecimento ou experiência concreta, mas isso é um problema geral. É preciso garantir o tratamento para todos aqueles que precisam.
noticias.cancaonova.com – Caso as tentativas de gravidez não sejam bem sucedidas, qual deve ser a atitude do casal católico? Por que a Igreja não é favorável a reprodução assistida e as técnicas de reprodução em vidro?
Pe. Enzo Pegararo – A Igreja encoraja tudo que é prevenção, reconhecendo o valor precioso da fertilidade, e também encoraja todos os tratamentos em relação a isso, reconhecendo que tudo aquilo que se faz deve respeitar a dignidade da pessoa, da integridade do copo, do significado também da sexualidade, do relacionamento entre sexualidade e procriação. A Igreja vê que não é moralmente aceitável o uso da técnica como a reprodução assistida ou a reprodução em vidro, onde tem uma manipulação, uma intervenção excessiva da técnica que compromete o relacionamento conjugal e a dignidade do casal e também do nascituro.
Portanto, é preciso compreender até que ponto a medicina e a ciência podem ajudar e quais são os limites disso, para que estejam realmente a serviço do homem, de maneira compatível com os valores que estão em jogo.
Na questão da reprodução em vidro, especificamente, há o problema dos milhares de embriões perdidos e as conseqüências disso. E também é preciso desmentir certa mitologia que há em torno da reprodução em vidro, pois os percentuais de sucesso são muito modestos. Para uma mulher de 40 anos ou mais, os porcentuais de sucesso estão entre 5% e 10%.
Agora como ajudar um casal que sofre por não poder ter filhos? É preciso garantir compreensão, ajuda e apoio psicológico, espiritual e social para que este casal sinta-se sempre casal, para que possam dar o amor que possuem, para o bem de tantos e serviço a comunidade na adoção e em outras tantas formas para que eles possam transmitir esse amor e transmitir vida.
Assista ainda a reportagem de Danusa Rego