Combate à Intolerância Religiosa

O respeito leva ao diálogo, diz assessor sobre as relações entre religiões

Respeitar, segundo o assessor, é saber que o outro é diferente e se colocar em atitude de escuta em relação àquela pessoa

André Cunha
Da redação

diácono nelson

Diácono Nelson Águia, assessor da Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e o diálogo Inter-religioso do Rio de Janeiro / Foto: Arquivo pessoal

Nesse sábado, 21, no Brasil, se comemora o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, uma ocasião importante para lembrar o verdadeiro sentido da palavra religião: religar (do latim), não dividir. 

Para o Assessor da Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e o diálogo Inter-religioso do Rio de Janeiro, Diácono Nelson Águia, o respeito deve nortear as relações entre as religiões, na busca pela unidade.

“É o respeito que nos leva ao diálogo. Se você quer conhecer o outro, quer se aproximar do outro, para fazer com ele um bom convívio e fraternidade, você tem que se colocar numa posição de respeito para ouvir o outro, senti-lo, percebê-lo em suas diversas manifestações. Sejam elas filosóficas, gestuais ou mesmo religiosas e doutrinárias”, disse o assessor.

Respeitar, segundo o diácono, é saber que o outro é diferente e se colocar numa atitude de escuta em relação àquela pessoa. Mas ele indica que, quem entra num diálogo inter-religioso, primeiro deve conhecer e aceitar a sua própria fé, caso contrário, não fará diálogo, mas monólogo, pois tão somente vai ouvir o outro e não terá nada a dizer.

Não queira converter o outros

Não é incomum ouvir nas conversas sobre religião aquele que acredita que a sua é a melhor, e outro, fazendo o mesmo. Para o diácono Nelson, diálogo inter-religioso não é uma conversa onde cada religião quer converter mais pessoas para si. Trata-se de descobrir no outro credo o que há em comum com aquilo em que se acredita.

“Nós, enquanto católicos, temos nossa verdade fundamentada na pessoa de Jesus, de suas palavras e do evangelho que ele nos deixou. Porém, essa verdade deixada por Jesus não é fechada somente dentro da Igreja. Ela está toda na Igreja, mas não somente na Igreja”, explicou.

“Jesus veio pregar o bem, o amor, a fraternidade, que outras religiões também praticam. Então, são verdades que estão presentes na Igreja Católica, e que também estão em outros credos. É essa perspectiva que temos que ter; não é abrir mão da nossa verdade. Nós a temos, deixada por Jesus, mas nós temos que perceber também essa mesma verdade presente em outros credos”, acrescentou.

Citando o Papa Francisco, o diácono lembra que “quem salva não é a Igreja, é Jesus”. “Ele é o nosso Salvador. A Igreja é um instrumento da salvação dada por Jesus. Ele pode salvar as pessoas de outras religiões porque a misericórdia de Deus é enorme. Quem está na Igreja Católica possui todos os meios da salvação. Porém, estes meios não somente dentro dela, mas também presente em outros credos. Não na sua totalidade, mas também em outros credos”, afirmou.

Casos de intolerância

Um vídeo de uma cerimônia de uma igreja evangélica de Botucatu, no interior de São Paulo, causou grande repercussão após ser postado no Facebook na terça-feira, 10. As imagens mostram uma mulher, apontada como pastora da igreja, quebrando imagens de Nossa Senhora Aparecida.

Diante de casos como esse, o diácono recomenda o diálogo como a principal atitude dos católicos. Foi isso que, segundo ele, também disse o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, Cardeal Jean-Louis Pierre Tauran, quando foi perguntado sobre o padre francês degolado na França, por membro do Estado Islâmico.

“Ele respondeu e eu respondo com ele: avançando no diálogo, aprofundando nosso respeito. Não nos intimidando frente a esses fatos tortuosos e tenebrosos, mas pelo contrário, que isso seja mais um potencial, uma força para avançarmos, aprofundando cada vez mais essa questão do diálogo inter-religioso. Somente por meio do diálogo, com a compreensão, com o respeito, nós vamos vencer as forças do mal. Sejam elas de onde forem. O mal se combate com o bem. E nosso bem é o diálogo e a fraternidade inter-religiosa”, afirmou.

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