Às vésperas do Dia Nacional do Nascituro, entenda a luta da Igreja para preservar a vida, desde a sua concepção no ventre da mãe
Da redação
O Senado Federal lançou uma consulta pública para saber a opinião da população brasileira a respeito da legalização do aborto no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Até o início da tarde desta sexta-feira, 7, 203.453 votaram a favor e 189.832 contra. O fato é que, embora a questão seja polêmica, a Igreja Católica tem uma posição firme e contrária a essa prática, inclusive em casos de estupros.
O Doutor em Teologia Moral e assessor de Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre José Rafael Solano Duran, explica que para a Igreja, aceitar o aborto está fora de cogitação em qualquer situação. “Não existe uma troca entre um bem menor e um bem maior, ou um mal menor e um mal maior. Moralmente, você não pode colocar um bem abaixo de outro bem. Há um bem a preservar e é o bem da vida”, disse. “Você não pode sacrificar um ser humano nem que fosse para salvar a espécie humana”.
Nos casos de estupro, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte, enfatiza que a violência sexual contra a mulher é uma vergonha, mas a criança em gestação não pode pagar pelo crime de outros.
“Diante dessa situação, cabe ao Estado, à sociedade e à família brasileiras uma reação mais afirmativa e defensiva dessas mulheres e, quando elas engravidam por esse ato inadmissível, receberem todo o respeito e ajuda para que possam acolher com amor e criar com dignidade uma criança que não teve nenhuma culpa de ser concebida dessa maneira brutal. Mãe e filho não podem continuar sofrendo nenhum tipo de violência depois de terem passado por um momento tão agressivo!”, afirma o bispo em um artigo publicado pela arquidiocese do Rio de Janeiro.
Dom Antônio também diz que o bom senso no país não pode deixar de prestar atendimento médico e psicológico às mulheres estupradas, e que “toda mulher tem que ter seus autênticos direitos atendidos e respeitados por todos os segmentos da sociedade, para que ela possa assim desempenhar seu papel insubstituível no mundo e na Igreja”.
“O sofrimento físico e psicológico das vítimas de estupro é acrescido dos riscos de contágio de graves doenças sexualmente transmissíveis e de possíveis mudanças da afetividade e da própria vida sexual dessas mulheres violentadas”, disse.
Dia pelo direito de nascer
Por determinação da 43ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em 2005, celebra-se, em todo o Brasil, de 1 a 7 de outubro, a Semana Nacional da Vida e, nesse sábado, 8, o Dia do Nascituro, ou seja, o Dia pelo direito de nascer.
A data foi escolhida por ser próxima ao dia em que se celebra a Padroeira do Brasil (12 de outubro), cujo título, ao lembrar a concepção, lembra Jesus, nascituro em seu ventre.
A Igreja compreende a dolorosa situação da mãe que se vê com a aparente necessidade de abortar. Tanto que na Carta Encíclica “Evangelium Vitae” (Sobre Valor e a Inviolabilidade da Vida Humana), São João Paulo II destacou este caráter “dramático e doloroso”.
“É verdade que, muitas vezes, a opção de abortar reveste para a mãe um caráter dramático e doloroso: a decisão de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os outros membros da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não nascer. Mas essas e outras razões semelhantes, por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de um ser humano inocente”, escreveu o Pontífice.
E acrescenta: “…declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal”.