Francisco disse que a possibilidade do perdão está aberta a todos como a maior das “portas santas”
Rádio Vaticano
O último compromisso do Papa Francisco na manhã desta sexta-feira, 04, foi a audiência que concedeu aos cerca de 500 participantes do Curso promovido pela Penitenciaria Apostólica.
O Curso foi dirigido aos jovens sacerdotes e seminaristas para prepará-los a ministrar o Sacramento da Reconciliação. Em seu discurso, o Pontífice destacou que a celebração deste Sacramento requer uma adequada e atualizada preparação, para que quem se aproxima dele “possa tocar com a mão a grandeza da misericórdia”.
O perdão é a maior Porta Santa
De fato, acrescentou o Papa, a possibilidade do perdão está realmente aberta a todos, ou melhor, escancarada, como a maior das “portas santas”, porque coincide com o coração próprio do Pai, que ama e aguarda todos os seus filhos, de modo especial os que erraram mais e estão distantes.
A misericórdia do Pai, explicou Francisco, pode alcançar toda pessoa de diferentes maneiras, mas há, todavia, um caminho certo: Jesus, que tem o poder na terra de perdoar todos os pecados e transmitiu esta missão à Igreja. “O Sacramento da Reconciliação, portanto, é o local privilegiado para celebrar a festa do encontro com o Pai. Não nos esqueçamos disso com facilidade. A festa é parte do Sacramento.”
Sacerdotes são instrumentos da misericórdia de Deus
O Pontífice recordou aos jovens sacerdotes que eles são instrumentos da misericórdia de Deus, portanto, devem estar atentos a não colocarem um obstáculo ao dom de salvação. O único desejo do confessor é fazer com que cada fiel possa fazer experiência do amor do Pai, disse o Papa, citando como modelos Leopoldo Mandic e Pio de Pietrelcina.
Depois da absolvição do sacerdote, prosseguiu Francisco, todo fiel tem a certeza de que os pecados não existem mais, foram cancelados pela misericórdia divina. “Gosto de pensar que Deus tem uma fraqueza: uma memória ruim. Uma vez que Ele o perdoa, se esquece. E isso é grande! “Toda absolvição é, de certo modo, um jubileu do coração.”
É importante, portanto, que o confessor seja também um “canal de alegria” e que o fiel, depois de ter recebido o perdão, não se sinta mais oprimido pelas culpas. “Neste nosso tempo, marcado pelo individualismo, por tantas feridas e pela tentação de fechar-se, é realmente um dom ver e acompanhar pessoas que se aproximam da misericórdia. Isso comporta também, para todos nós, uma obrigação ainda maior de coerência evangélica e de benevolência paterna; somos guardiões, jamais donos, seja das ovelhas, seja da graça.”
O Papa então fez uma exortação: “Coloquemos novamente no centro – e não somente neste Ano jubilar! – o Sacramento da Reconciliação, espaço do Espírito onde todos, confessores e penitentes, podemos fazer experiência do amor de Deus por cada um dos seus filhos – único amor definitivo e fiel e que jamais desilude”.
Sacerdote, ícone do Pai
Se um confessor se encontrar em dificuldade e não puder absolver, Francisco sugeriu que nunca se esqueçam que o sacerdote é o ícone do Pai. Portanto, deve usar gestos e palavras para que o pecador se sinta acolhido e convidado a repetir a experiência da confissão e saia do confessionário certo de que encontrou um pai e não alguém que o repreendeu.
“Quantas vezes vocês ouviram alguém dizer: ‘Eu nunca me confesso, porque uma vez fui e ele me censurou…’ Mesmo que eu não possa absolver, posso fazer com que sinta o calor de um pai, eh? Nem que seja para rezar um pouco com ele ou com ela. É pai que está ali.”