"O caminho ecumênico não pode ignorar a crise de fé no mundo de hoje, por isso os cristãos são chamados a dar um testemunho comum, não obstante as divisões", frisou o Papa Bento XVI em seu discurso proferido, nesta quinta-feira, 15, aos participantes da plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Bento XVI espera que "o Ano da Fé ajude no progresso do ecumenismo". "Um autêntico caminho ecumênico não pode ser alcançado ignorando a crise de fé que está atravessando vastas regiões do Planeta, incluindo aquelas que acolheram por primeiro o anúncio do Evangelho e onde a vida cristã floresceu durante séculos", sublinhou ainda.
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O Papa evidenciou a necessidade de espiritualidade e ao mesmo tempo a pobreza espiritual de muitas pessoas hoje: "Por outro lado, não podem ser ignorados os vários sinais que revelam a persistência de uma necessidade de espiritualidade, que se manifesta de diferentes modos. A pobreza espiritual de muitas pessoas hoje, que não percebem mais como uma privação a ausência de Deus em suas vidas, é um desafio para todos os cristãos."
Nesse contexto, "nós que acreditamos em Cristo somos convidados a voltar ao essencial, ao coração da nossa fé, para testemunhar juntos ao mundo o Deus vivo", disse ainda Bento XVI.
Com essas palavras do Decreto sobre o Ecumenismo, Unitatis redintegratio o Papa recordou que a divisão entre os cristãos "contradiz abertamente a vontade de Cristo, é escândalo para o mundo e prejudica a santíssima causa da pregação do Evangelho a toda criatura".
"Não devemos nos esquecer que o objetivo do ecumenismo é a unidade visível entre os cristãos divididos. Testemunhar o Deus vivo é o imperativo mais urgente para todos os cristãos, apesar da comunhão eclesial incompleta que ainda experimentamos", sublinhou o Pontífice.
"Não devemos nos esquecer o que nos une, ou seja, a fé em Deus, Pai e Criador" – explicou o Santo Padre, observando que "à luz da prioridade da fé, entendemos a importância dos diálogos teológicos e conversas com as Igrejas e comunidades eclesiais onde a Igreja Católica está engajada".
"A unidade não pode ser apenas o trabalho de homens, mas é um dom de Deus", frisou Bento XVI que pediu compromisso, oração, e reconhece a positividade do esforço: "O fato de caminhar juntos para este objetivo é uma realidade positiva, desde que, as Igrejas e comunidades eclesiais não parem ao longo do caminho, aceitando as diversidades contraditórias como algo normal ou como o melhor que se possa obter."
O Santo Padre sublinhou ainda que "através da unidade visível dos discípulos de Jesus, unidade humanamente inexplicável, se tornará reconhecível a ação de Deus. A ação de Deus vence a tendência do mundo rumo à desagregação".
O Papa convidou a entender que "ecumenismo e nova evangelização exigem o dinamismo da conversão entendido como vontade sincera de seguir Cristo".