O Papa enviou uma Mensagem para o “Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar”, que ocorreu nesta sexta-feira (29)
Da Redação, com Vatican News
Em sua Mensagem enviada ao Diretor Geral da FAO, Qu Dongyu, por ocasião do “Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar”, o Santo Padre afirmou: “A comida que jogamos no lixo é tirada, injustamente, das mãos de quem não tem e dos que têm direito ao pão de cada dia, em virtude da sua inviolável dignidade humana”.
O texto da Mensagem papal foi lido na Assembleia da FAO, (Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), por Dom Fernando Chica Arellano, Observador permanente da Santa Sé junto às organizações da FAO, FIDA e PMA.
Fome e desperdício de alimentos
Segundo o Papa, “a praga das perdas e desperdícios alimentares é tão preocupante quanto à tragédia da fome, duas tragédias unidas por uma única raiz subjacente: “A cultura dominante que levou à distorção do valor dos alimentos, reduzindo-os a uma mera mercadoria de intercâmbio”. A esta cultura o Papa acrescentou “a indiferença geral para com os pobres e a falta de cuidado com a criação, com a exploração irracional e voraz dos recursos naturais”.
Desenvolvimento e sobriedade de vida
“Não podemos mais limitar-nos a encarar a realidade em termos de economia ou de lucro insaciável”, adverte o Pontífice, ao invocar, com urgência, “uma mudança radical de paradigma”. E acrescentou: “É preciso investir recursos financeiros, unir as vontades e passar das meras declarações às decisões sensatas e incisivas. Mas, acima de tudo, é essencial fortalecer em nós a convicção de que os alimentos jogados fora são uma ofensa aos pobres e que o desenvolvimento deve estar ligado mais intimamente à sobriedade da vida”.
A alimentação nunca deve ser um problema
“A alimentação, diz ainda o Santo Padre, garante a vida e nunca deve ser considerada um problema”: “Não podemos continuar a apontar o crescimento da população mundial como causa da incapacidade da terra de alimentar todos, de modo suficiente; na realidade, os verdadeiros motivos, que estão à base da proliferação da fome no mundo, são a falta de vontade política concreta para redistribuir os bens da terra; assim, todos poderiam se beneficiar do que a natureza nos oferece, ao invés da deplorável destruição dos alimentos”.
Alimentação e sacralidade da pessoa
Em sua Mensagem, Francisco observa ainda: “A alimentação tem um fundamento espiritual e sua correta gestão implica a necessidade de adoção de comportamentos éticos. A alimentação, mais do que qualquer outro bem, pode garantir o direito fundamental à vida; ela deve ser vista no respeito da sacralidade que lhe é própria: a sacralidade fundamental de cada pessoa, reconhecida por muitas tradições, culturas e religiões”. E o Papa pondera ainda: “Jogar comida no lixo significa não dar valor ao sacrifício, trabalho, meios de transporte e custos de energia, empregados para levar alimentos de qualidade à mesa”.
“Quem não tem comida é nosso irmão”
O Santo Padre conclui a sua Mensagem para a FAO, com uma recomendação: “Reavivar a consciência da nossa pertença comum à única família humana universal. Somente assim, a família das Nações poderá voltar a ser verdadeira. Quem vai dormir com o estômago vazio é nosso irmão. Por isso, devemos compartilhar com ele o que temos: este é um imperativo tanto da justiça quanto daquela solidariedade fraterna, que surge das relações familiares”.