Em conversa com seu intérprete a caminho da capital da Albania, Francisco falou sobre juventude e Madre Tereza
O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, falou à Rádio Vaticano sobre vários aspectos da viagem do Papa Francisco à Albania, sua quarta viagem internacional. Para ele, a viagem teve “fortes” contribuições do Papa sobre questões como a convivência pacífica entre as religiões e não como ponto de tensão e conflito, sobre o tema da esperança, da fidelidade aos grandes valores, da coragem e da força do testemunho na construção do futuro.
Padre Lombardi destacou que o tema juventude chamou muito a atenção de Francisco, algo perceptível em seus discursos, seja na homilia, seja no momento do Angelus. O Papa falou a um povo jovem e neste contexto, realçou a esperança na construção do futuro e na contribuição positiva à Europa.
“Estava falando há pouco com o Padre David Djudja, que é um nosso colega da Rádio Vaticano, que foi o intérprete do Papa nesta viagem, e ele me dizia que, enquanto eles estavam juntos no carro, vindo do aeroporto em direção a Tirana, o Papa disse: ‘mas que população jovem! Quantos jovens!’ Pensando que estamos na Europa, que ao invés – frequentemente ele diz – está um pouco envelhecendo.”
A Albânia é conhecida como país das águias, símbolo que chamou a atenção do Papa e foi abordado em seus discursos. “O Papa, vendo todos os símbolos das águias ao longo do caminho, dizia a Padre David que a águia voa alto, mas não abandona seu ninho, sempre volta ao seu ninho, mesmo voando alto”.
Madre Tereza também foi tema da conversa do Papa com Padre David. Francisco a conheceu no Sínodo de 1994 em que ambos participaram.
“Bergoglio tinha Madre Teresa atrás dele, perto, e a ouvia frequentemente intervir com muita força, sem deixar-se, minimamente impressionar diante de toda aquela assembléia de bispos. E tinha por ela uma grande estima, como uma mulher forte, como uma mulher capaz de dar um testemunho corajoso. Depois fez uma brincadeira: ‘Eu teria medo de tê-la como superiora, porque era uma mulher muito forte'”, comentou padre Lombardi.
No Palácio Presidencial, Francisco escreveu em um livro de honra, a pedido do presidente do país. “Ao nobre povo albanês, com o meu respeito e admiração pelo seu testemunho e sua fraternidade ao levar avante o país”.
Diante do conteúdo escrito pelo Papa, padre Lombardi chama a atenção para pontos que o pontífice já tinha destacado durante a preparação da viagem como a admiração e estima pelo povo, seja pelo testemunho de coragem, seja pela fraternidade e a capacidade de convivência, apesar das diferenças.
“Disseram-me que também o colóquio com o presidente foi muito intenso, que o presidente estava muito emocionado, talvez até um pouco acanhado, mas certamente muito emocionado. O Presidente Bektashi é muçulmano e falou com o Papa, com muita gratidão, dizendo-lhe que de fato a harmonia entre as religiões, que se busca viver agora na Albânia, fortalece muito também a democracia e o desenvolvimento da nação. Por isso, é muito grato ao apoio que a Santa Sé dá e também o Papa com esta viagem, e disse que é uma bênção. Este tema da bênção, vemos que é fortemente sentido, também pelos muçulmanos. É uma palavra forte, e todos esperaram esta viagem como uma bênção do Santo Padre para o povo, para o país, para o seu futuro. Eu não sei se vocês perceberam, durante o seu discurso, o Papa em certo momento fez uma pequena pausa e disse a palavra ‘respeito’. A palavra ‘respeito’ aqui é uma palavra essencial.”