O Papa Bento XVI convidou neste domingo, 17, os membros da Igreja a superarem o “orgulho e egoísmo” nas suas vidas e pediu orações por si e pelo seu sucessor, a poucos dias de concluir o pontificado por ter apresentado a renúncia.
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“Peço-vos que continueis a rezar por mim e pelo próximo Papa, bem como pelos exercícios espirituais, que vou começar nesta tarde com os membros da Cúria Romana”, disse o Papa, em espanhol, diante de aproximadamente 50 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a recitação do Angelus.
Num dos últimos encontros com peregrinos antes de 28 de fevereiro, Bento XVI mostrou-se "profundamente agradecido" pelas “orações e apoio” que tem recebido por parte dos fiéis desde que apresentou a sua resignação, na segunda-feira, 11.
A tradicional catequese destes encontros de oração foi dedicada ao episódio do evangelho das “tentações” de Jesus, a partir das quais o Papa alertou para a necessidade de os católicos rejeitarem os apelos “do egoísmo e o orgulho, do dinheiro e do poder”.
“A Igreja, que é mãe e mestra, chama todos os seus membros a renovar-se no espírito, a reorientar-se decididamente para Deus, renegando o orgulho e o egoísmo para viver no amor”, declarou.
Bento XVI referiu que Jesus teve de “desmascarar e recusar as falsas imagens do Messias” que se revelavam também “falsas imagens do homem, que em todos os tempos seduzem a consciência, travestindo-se de propostas convenientes e eficazes”.
“Neste Ano da Fé, a Quaresma é um tempo favorável para redescobrir a fé em Deus como critério-base da nossa vida e da vida da Igreja. Isso comporta sempre uma luta, um combate espiritual”, acrescentou.
Segundo o Papa, o “núcleo central” das tentações consiste em “instrumentalizar Deus para os próprios fins” dando mais importância “ao sucesso e aos bens materiais”.
“Desta maneira, Deus torna-se secundário, reduz-se a um meio, torna-se definitivamente irreal, já não conta, desvanece-se. Em última análise, nas tentações está em jogo a fé, porque está em jogo Deus”, precisou.
A intervenção de Bento XVI deixou votos de que a Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa iniciado esta quarta-feira, seja para os católicos “caminho de uma autêntica conversão para Deus e tempo de partilha intensa” da fé em Jesus Cristo.
O Papa e os seus mais diretos colaboradores iniciam esta tarde uma semana de oração e reflexão, durante a qual são suspensos todos os compromissos públicos no Vaticano.
"Obrigado a todos vós", disse, em resposta aos aplausos das pessoas presentes na Praça de São Pedro.
O encontro serviu como momento de homenagem e saudação por parte da comunidade e da cidade de Roma ao Papa.
O próximo encontro de Bento XVI com os fiéis vai decorrer no dia 24, com a recitação dominical do Angelus, seguindo-se a última audiência pública do pontificado, dia 27 de fevereiro, iniciativa para a qual já estão inscritas 35 mil pessoas, segundo o Vaticano.
O último dia do pontificado, em 28 deste mês, inclui um encontro de despedida dos cardeais, pelas 11h00 (Roma), antes da partida em helicóptero, rumo à residência pontifícia de Castel Gandolfo, nos arredores de Roma, marcada para as 17h00.