O Papa
Bento XVI enviou nesta segunda-feira, 12, ao Arcebispo de Mônaco, Cardeal Reinhard Marx, uma mensagem por ocasião do encontro "Religiões e culturas em diálogo", promovido pela comunidade Católica de Santo Egídio.
Já no início mensagem, o Santo Padre fez memória do encontro mundial de oração pela paz, realizado pela primeira vez em Assis, o qual reuniu inúmeros líderes religiosos, há 25 anos.
.: NA ÍNTEGRA: Mensagem de Bento XVI para o Encontro Mundial de oração pela paz
A partir do título escolhido para a edição deste ano "Conviver – o nosso destino", o Pontífice trouxe algums reflexões sobre o sentido da fraternidade universal.
"O viver juntos pode transformar-se em um viver uns contra os outros, pode tornar-se um inferno, se não aprendermos a acolher uns aos outros, se cada um não quiser ser o outro que a si mesmo. Mas abrir-se aos outros, oferecer-se aos outros pode ser também um dom. Assim, tudo depende de interpretar a predisposição a viver juntos como compromisso e como dom, através do encontro da verdadeira via do conviver", disse Bento XVI.
O Papa vê o diálogo entre as mais diversas religiões uma via eficaz através da qual pode-se chegar à vivência da paz.
"O sujeito do conviver é hoje a humanidade inteira. Encontros como aquele que aconteceu em Assis, e aquele que acontece em Mônaco, representam ocasiões nas quais as religiões podem interrogar a si mesmas e questionarem-se como encontrar forças para conviver", explicou.
O Santo Padre também alertou sobre os perigos referentes ao individualismo e à instrumentalização da religião, a qual, segundo ele, tem como meta a promoção de um diálogo com Deus e pode ao mesmo tempo se tornar um empecilho para a paz, caso este ideal de contato entre humano e divino não seja bem vivido.
"O coração é o lugar no qual o Senhor se faz próximo. Por isto, a religião, que é centrada sobre o encontro do homem com o mistério divino, está ligada em maneira essencial com a questão da paz. Se a religião compromete o encontro com Deus, o reduz em si, ao invés de elevar-nos em direção à Ele, se nos faz em um certo sentido tomar Deus como uma propriedade nossa, entao em tal modo, pode causar a dissolução da paz", comentou.
Na conclusão, Bento XVI pediu que os esforços em busca da paz continuem, de modo que esta meta seja atingida tendo como base o diálogo e a cooperação entre as religiões.
"O campo no qual deve prosperar o fruto da paz deve sempre ser cultivado. Frequentemente, não podemos fazer outra coisa senão preparar incessantemente e com tantos passos pequenos o terreno para a paz em nós e ao redor de nós, tambem pensando nos grandes desafios que devemos enfrentar não com uma unica pessoa, mas toda a humanidade, questões referentes às migrações, a globalização, as crises economicas e a salvaguarda da criação", concluiu o Pontífice.