Na noite desta segunda-feira, 11, o Papa Bento XVI participou da abertura da Conferência Pastoral Eclesial da Diocese de Roma, na Basílica de São João Latrão. O tema deste ano para a Conferência vem do Evangelho de Mateus: “Ide e fazei discípulos, batizando e ensinando. Vamos redescobrir a beleza do Batismo”. Em seua mensagem, Bento XVI lembrou que o Batismo é mais que uma simples cerimônia, que um banho ou limpeza “é morte e vida, é morte de uma determinada existência e renascimento, ressurreição a uma nova vida.
.: NA ÍNTEGRA: Discurso de Bento XVI na conferência da Diocese de Roma – 11/06/201
Para o Papa, o tema vem trazer uma reflexão para os fiéis sobre a profundidade do Sacramento do Batismo. Ele enfatizou, num primeiro momento, a escolha do termo “em nome do Pai”,que é justamente uma imersão no nome da Trindade, “uma interpenetração do ser de Deus e do nosso ser, um ser imerso no Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo”, disse.
Bento XVI explicou que quem está no nome de Deus e imerso Nele está vivo, já que Ele não é um Deus dos mortos, mas dos vivos. O Santo Padre disse que daí sucede o ser batizado, em que a pessoa se torna inserida no nome de Deus. “Então, ser batizados quer dizer ser unidos a Deus, em uma única e nova existência pertencemos a Deus, somos imersos no próprio Deus”.
Nesse contexto, o Papa elencou três consequências advindas do batismo. A primeira delas é o fato de que Deus não é mais distante e não se discute mais sobre Sua existência. “Nós estamos em Deus e Deus está em nós. A prioridade, a centralidade de Deus na nossa vida é a primeira consequência do Batismo”.
O segundo aspecto é que ninguém se faz cristão, ou seja, tornar-se cristão não é algo que resulta somente da decisão individual, mas antes é fruto de uma ação de Deus. “Não sou eu que me faço cristão, eu sou objeto de Deus, pego nas mãos por Deus e assim, dizendo “sim” a esta ação de Deus, torno-me cristão”, enfatizou.
E estar nessa comunhão com Deus significa também estar unido aos irmãos e irmãs, o que é a terceira consequência do batismo. “Ser batizados não é nunca um ato solitário “meu”, mas é sempre necessário um ser unido com todos os outros, um ser em unidade e solidariedade com todo o Corpo de Cristo, com toda a comunidade dos seus irmãos e irmãs”.
Rito Sacramental
Depois de explicar a importância do Batismo, Bento XVI deu sequência à sua mensagem explicando o rito deste sacramento, que se compõe basicamente por dois elementos: pela matéria, água, e pela palavra. O Pontífice destacou a importância destes elementos, tendo em vista que o cristianismo não é puramente espiritual, mas uma realidade cósmica.
“E com este elemento material – a água – entra não somente um elemento fundamental do cosmo, uma matéria fundamental criada por Deus, mas também todo o simbolismo das religiões, porque em todas as religiões a água tem algo a dizer”. Bento XVI lembrou ainda que a água simboliza fonte, é a origem de toda a vida. “Cada vida vem também da água, da água que vem de Cristo como verdadeira vida nova que nos acompanha até a eternidade”.
Em relação à palavra, o bispo de Roma ressaltou que, por ela se apresentar em três elementos – renúncia, promessa, invocação – , é importante que seja mais que palavra, que seja um caminho de vida.
O Pontífice enfatizou que hoje conhecemos um tipo de cultura que aparentemente quer mostrar a verdade, mas acaba contando “somente a sensação e o espírito de calúnia e destruição”. Aí está uma renúncia que se faz no batismo. “Contra esta cultura, na qual a mentira se apresenta na veste da verdade e da informação, contra esta cultura que busca somente o bem-estar matéria e nega Deus, dizemos “não”.
Questões para reflexão
Por fim, Bento XVI citou dois questionamentos que costumam vir à tona quando se fala em Batismo: se seria necessário fazer o caminho catecumenal para chegar a um Batismo realmente realizado e se podemos impor à criança a religião que ela quer viver ou não.
O Papa explicou que o Batismo não é uma escolha como outra qualquer. Ele lembrou, por exemplo, que a própria vida é dada sem que ninguém escolha se quer viver ou não.
“Então, o Batismo das crianças não é um algo contra a liberdade, é justamente necessário isso, para justificar também o dom – anteriormente discutido – da vida. Somente a vida que está nas mãos de Deus, nas mãos de Cristo, imersa no nome do Deus Trinitário, é certamente um bem que se pode dar sem escrúpulos. E assim, somos gratos a Deus que nos deu este dom, que nos doou nós mesmos”, enfatizou o Pontífice.