Aproximamo-nos de mais uma eleição para prefeito e vereadores, todavia, por causa de tantos desmandos e corrupções que assolam este País, voltamos a pensar um pouco sobre o que precisaremos fazer para votar certo. Mas, afinal, o que é votar certo?
A questão não me parece tão simples de ser respondida, pois envolve a história de cada pessoa e o contexto social, político e econômico em que se encontra. Sugerimos ao cidadão que dê a necessária importância ao seu voto e seja mais participativo nas questões que o envolvem no dia-a-dia e nos fatos que ocorrem à sua volta.
O momento requer que escolhamos, outra vez, entre todos os candidatos que aí estão, gente séria e responsável, revestida de sólido caráter ético e moral limpa para nos representar. Devemos aproveitar, sim, essas eleições para, juntos, resgatarmos o valor e a relevância do exercício cidadão. Que tenhamos consciência da fundamental importância da ética para escolher cidadãos honestos no trato da coisa pública e, claro, do interesse coletivo.
Torna-se imprescindível buscar informações sobre os candidatos, visto que cabe a nós a responsabilidade da participação e do voto honesto, sem barganha. Mais do que usar o slogan “vote certo”, precisamos pensar e analisar sobre a atuação de nossos representantes no parlamento e no executivo, sair dos porões de nossa consciência e exigir, também, renovação no processo político deste País, o que demanda seriedade, voluntarismo e participação permanente de cada cidadão. Trata-se mesmo de uma ocasião especial para realizar as mudanças e transformações que desejamos.
Que não paremos para pensar somente nesse momento eleitoral que certamente terá um preço, o de ter exercido ou não a cidadania.
Esperamos do eleitor segurança e sabedoria na hora de votar e, posteriormente, o acompanhamento e a cobrança àqueles a quem conferirmos nosso parecer e a quem credenciarmos como nossos legítimos representantes. Dos nossos pequenos gestos e ações poderemos fazer emergir um novo significado para nossas vidas e, assim, projetarmos nossa identidade no processo para a re-construção cidadã. O exercício da cidadania no Brasil ainda está engatinhando, por isso é necessário participar e debater questões de interesse público.
Com o processo de redemocratização do País, ainda em construção, e a Constituição de 1988, avançamos um pouco mais, no entanto, ainda temos muito que fazer. Precisamos suprimir a visão reducionista que temos da cidadania. Cito, por exemplo, votar (obrigatoriamente) e simplesmente pagar os impostos, cumprindo situações que nos são impostas.
Evidentemente, nos deparamos com muitas barreiras culturais e históricas que nos impossibilitam praticar a cidadania em sua plenitude. Compreendamos, contudo, que os direitos que temos hoje não nos foram conferidos, mas conquistados; não se trata de uma concessão nem favor de quem está no poder. A cidadania não vem "na boa" nem de graça, não nos é oferecida gratuitamente; ao contrário, "é re-construída e conquistada, a partir da nossa capacidade de organização, participação e intervenção social."
Reinaldo César é jornalista e apresentador do Jornal Canção Nova, transmitido pela Rádio AM, e do Canção Nova Notícias.