BAGDÁ

Violência no Iraque: Papa pede diálogo e fraternidade

Francisco fez apelo após novos atos de violência: “paz para a população iraquiana”; país recebeu um Papa pela primeira vez em 2021, com a visita de Francisco 

Da Redação, com informações da Reuters

Confrontos na ‘Zona Verde’ de Bagdá deixaram pelo menos 30 mortos e 700 feridos/ Foto: Reprodução Reuters

O Papa Francisco acompanha com preocupação os atos violentos ocorridos nos últimos dias em Bagdá, capital do Iraque. Após a catequese desta quarta-feira, 31, o Pontífice fez um apelo em prol do diálogo e da fraternidade.

“Peçamos a Deus na oração para dar paz à população iraquiana. No ano passado tive a alegria de visitá-la e senti de perto o grande desejo de normalidade e convivência pacífica entre as várias comunidades religiosas que a compõem. O diálogo e a fraternidade são o principal caminho para enfrentar as atuais dificuldades e alcançar esse objetivo”.

Na segunda-feira, 29, confrontos na chamada ‘Zona Verde’ de Bagdá deixaram pelo menos 30 mortos e mais de 700 feridos. A violência desta semana explodiu depois que o líder xiita Moqtada al-Sadr anunciou sua despedida da política. Pouco após o anúncio, simpatizantes invadiram o Palácio Republicando em Bagdá em protesto.

Mas nesta terça-feira, 30, Al-Sadr ordenou que seus seguidores encerrassem os protestos. Disse que esperava manifestações pacíficas e pediu desculpas ao Iraque pelo saldo da violência. O Iraque vive um momento de forte fragilidade política pois, desde as eleições de outubro de 2021, o país está sem um novo governo, primeiro-ministro ou presidente. As facções não conseguem entrar em acordo para formar uma coalizão.

Visita ao Iraque

Como recordado pelo próprio Papa em seu apelo, ele esteve no Iraque de 5 a 8 de março de 2021 em uma visita histórica. Com o tema “Sois todos irmãos”, Francisco visitou o país como “peregrino da paz”, pedindo o dom do perdão e da reconciliação para um país sofrido com a guerra e o terrorismo.

Seu primeiro discurso no país foi às autoridades políticas, sociedade civil e corpo diplomático. Citando o documento sobre a fraternidade humana, o Papa chamou atenção aos valores autênticos pregados pelas religiões. “Que Deus nos faça caminhar juntos, como irmãos e irmãs, na ‘forte convicção de que os verdadeiros ensinamentos das religiões convidam a permanecer ancorados aos valores da paz, (…) do  conhecimento mútuo, da fraternidade humana e da convivência comum’”.

Francisco disse ainda que a convivência fraterna precisa do diálogo paciente e sincero, tutelado pela justiça e o respeito do direito. “Não é uma tarefa fácil- reconheceu – exige esforço e empenho por parte de todos para superar rivalidades e contrastes e dialogar a partir da identidade mais profunda que temos: a de filhos do único Deus e Criador”.

E lembrou a necessidade de uma política sadia, que dê esperança ao povo. “Como responsáveis políticos e diplomáticos, sois chamados a promover este espírito de solidariedade fraterna”.

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