Comentando o trecho do Evangelho deste XXI Domingo do tempo comum, Bento XVI dirigindo-se aos milhares de fieis congregados no pátio do Palácio pontifício de Castelgandolfo para a recitação do Angelus, chamou a atenção para a tentação sempre iminente de interpretar a pratica religiosa como fonte de privilégios e de seguranças. Na realidade – disse – a mensagem de Cristo vai precisamente numa direção oposta: todos podem entrar na vida, mas para todos a porta é estreita. Não existem privilegiados.
“A passagem á vida eterna está aberta a todos, mas é estreita porque é exigente, pede empenho, abnegação, mortificação do próprio egoísmo”.
Uma vez mais, como nos domingos passados, o Evangelho convida-nos a considerar o futuro que nos espera e para o qual nos devemos preparar durante a nossa peregrinação sobre a terra. A salvação que Jesus realizou com a sua morte e ressurreição, é universal. Ele é o único Redentor e a todos dirige o convite a participar no banquete universal.
Mas a uma única e igual condição: esforçar-se no sentido de o seguir e imitar, carregando, como ele fez, a própria cruz e dedicando a vida ao serviço dos irmãos. No último dia – recorda ainda Jesus no Evangelho – não é com base em privilégios pressupostos que seremos julgados, mas segundo as nossas obras. Os agentes de iniquidade, encontrar-se-ão excluídos, enquanto que serão acolhidos todos aqueles que terão realizado o bem e procurado a justiça, a custo de sacrifícios. Portanto não será suficiente declarar-se “amigos” de Cristo, gabando -se de falsos méritos.
E Bento XVI salientou a concluir: "A verdadeira amizade com Jesus exprime-se na maneira de viver; exprime-se com a bondade do coração, com a humildade, a mansidão e a misericórdia, o amor pela justiça e a verdade, o empenho sincero e honesto pela paz e a reconciliação. Este, poderíamos dizer é o” bilhete de identidade" que nos qualifica como seus amigos autênticos; este é o” passaporte” que nos permitirá entrar na vida eterna.
No final da recitação do Angelus o Papa dirigiu uma saudação particular a um grupo de peregrinos que vieram de bicicleta de Londres, percorrendo a “Via Francigena; "trata-se – disse – de homens e mulheres desejosos de rezar sobre o túmulo de Pedro. Do grupo fazem parte também um juiz da Corte Suprema da Grã Bretanha e um cónego da Catedral anglicana de Cantuária.
Esta experiência – foram os votos formulados pelo Papa – seja um tempo propicio para um enriquecimento espiritual e ecumênico.
Bento XVI saudou também um grupo de lideres religiosos ( muçulmanos, ortodoxos, luteranos e católicos) vindos do Kazaquistão e que visitarão nos próximos dias os túmulos de São Francisco e de Santo António em Pádua, rezando e empenhando-se a favor do respeito da natureza e da promoção da paz.