Panama Papers

Vazamento levanta investigação mundial sobre sonegação

Documentos mostram que empresas sediadas em paraísos fiscais eram usadas supostamente para lavagem de dinheiro, negociações com armas e drogas e evasão fiscal

Reuters

Autoridades da Austrália e da Nova Zelândia começaram a investigar clientes locais de um escritório de advocacia sediado no Panamá que está no centro de um gigantesco vazamento de dados por suspeita de evasão fiscal.

Outras jurisdições devem seguir o mesmo caminho na esteira do vazamento, ocorrido durante o final de semana, de detalhes de centenas de milhares de clientes em mais de 11,5 milhões de documentos dos arquivos do escritório Mossack Fonseca, que tem sede no Panamá.

Os documentos estão no centro de uma investigação publicada no domingo pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos e mais de 100 outras organizações de mídia de todo o mundo.

O jornal alemão Sueddeutsche Zeitung disse ter recebido a enorme leva de documentos e os compartilhado com os outros veículos de imprensa.

Os “Papéis do Panamá” cobrem um período de quase 40 anos, de 1977 até dezembro passado, e supostamente mostram que algumas empresas sediadas em paraísos fiscais estavam sendo usadas supostamente para lavagem de dinheiro, negociações com armas e drogas e evasão fiscal.

O Brasil está entre os vários países com autoridades envolvidas nos vazamentos.

Os documentos obtidos apontam que a Mossack Fonseca criou ou gerenciou cerca de 100 empresas offshore para ao menos 57 indivíduos ou empresas já relacionados ao esquema de corrupção na Petrobras (PETR4.SA: Cotações) investigado pela operação Lava Jato, de acordo com reportagens.

“Acho que o vazamento irá se mostrar o maior golpe que o mundo offshore já sofreu, por causa da amplitude dos documentos”, disse Gerard Ryle, diretor do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. 

O jornal britânico Guardian disse que os documentos revelaram que uma rede de acordos e empréstimos offshore secretos no valor de 2 bilhões de dólares apontou para amigos íntimos do presidente da Rússia, Vladimir Putin. A Reuters não conseguiu confirmar os detalhes de forma independente.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou a acusação. “O principal alvo desta desinformação é o nosso presidente, especialmente no contexto das próximas eleições parlamentares e no contexto de uma perspectiva de longo prazo – ou seja, as eleições presidenciais em dois anos”, disse Peskov em teleconferência com jornalistas.

O Escritório de Impostos da Austrália informou estar investigando mais de 800 clientes abastados da Mossack Fonseca. “Já ligamos mais de 120 deles a um provedor de serviços offshore associado localizado em Hong Kong”, disse o escritório em comunicado, sem identificar a empresa de Hong Kong.

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