Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral sustenta obrigação moral de limitar aquecimento global a 1,5 graus celsius
Da redação, com Agência Ecclesia
O Vaticano associou-se, nesta sexta-feira, 24, às preocupações da greve climática estudantil, numa mensagem à Comunidade Científica em que considera a limitação do aquecimento global a 1,5 graus celsius como obrigação “moral” e “religiosa”.
O prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Turkson, escreveu uma mensagem à Comunidade Científica, por ocasião do 4º aniversário da encíclica ‘Laudato Si’ do Papa Francisco, um texto que propõe uma ecologia integral.
“Com o aquecimento global em volta de 1°, desde a revolução industrial, já estamos a ver o impacto severo das mudanças climáticas nas pessoas, em termos de condições climáticas extremas, como secas, enchentes, aumento do nível do mar, tempestades devastadoras e incêndios violentos. A crise climática está a atingir proporções sem precedentes. A urgência, portanto, não poderia ser maior”, refere o prefeito do Dicastério.
O cardeal Peter Turkson escreve por ocasião do 4º aniversário da encíclica ‘Laudato Si’ do Papa Francisco, um texto que propõe uma ecologia integral.
Em 2015, ano da publicação do texto, a comunidade internacional procurava concluir o Acordo de Paris, para limitar o aquecimento global a menos de dois graus, em relação aos valores pré-industriais.
Dirigindo-se à comunidade científica, o cardeal Turkson, principal colaborador do Papa no campo da ecologia, apresenta como “limiar” a respeitar os 1,5 graus celsius, como forma de defender os países e as populações mais pobres que, como referia Francisco na sua encíclica, “sofrem os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais”.
“O limiar de 1,5° é um limiar moral: é a última oportunidade para salvar todos esses países e os muitos milhões de pessoas vulneráveis nas regiões costeiras”, sustenta o prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Limiar crítico
O cardeal ganês fala ainda de um “um limiar físico crítico”, que permitiria evitar “muitos impactos destrutivos das alterações climáticas provocadas pelo homem”, tais como a regressão das principais camadas de gelo e a destruição da maior parte dos recifes de coral tropicais.
“É bom considerar que os 1,5° são também um limiar religioso. O mundo que estamos a destruir é dom de Deus para a humanidade, precisamente a casa santificada pelo Espírito Divino (Ruah) no início da criação, o lugar onde Ele armou a sua tenda entre nós”, acrescenta Dom Turkson.
O responsável do Vaticano sustenta que é possível limitar o aquecimento global, com base num modelo de desenvolvimento livre de tecnologias e comportamentos que aumentem a produção de emissões de gases com efeito de estufa.
As propostas de vários líderes e organizações católicas, inspirados na ‘Laudato Si’, apelam a uma limitação do aquecimento global a 1,5 graus celsius; à adoção de estilos de vida sustentáveis; ao respeito pelas comunidades indígenas; ao fim da era dos combustíveis fósseis, com transição para formas renováveis de energia; à reforma do sistema agrícola, para um fornecimento saudável e acessível de alimentos para todos.