O Cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), deixou na Uganda um apelo em defesa das crianças-soldado, pedindo que elas sejam reinseridas na sociedade, depois de terem perdido a sua infância por causa do conflito armado.
No final de uma missão no país, que hoje se concluiu, o membro da Cúria Romana exigiu que as forças combatentes deste país deixem de recrutar menores e pediu à comunidade internacional que faça "mais esforços sérios" para ajudar estas crianças a voltarem à sociedade civil. O Cardeal Martino condenou ainda a prática de raptos de menores, estimando que cerca de 30 mil crianças foram sequestradas pelas forças rebeldes.
"Quando uma criança pega numa arma, isso é contra a natureza, mas é uma tragédia igual quando os menores, depois de lutarem, acabam por ficar nas ruas, a pedir esmolas ou forçados a prostituírem-se", alertou.
O presidente do CPJP disse, por outro lado, que não há conflitos de segunda categoria e que as guerras esquecidas na África são tão importantes para a Igreja como a do Iraque, por exemplo. Em 2006, disse, havia 17 grandes conflitos armados em todo o mundo.
Face a este cenário, o Cardeal italiano exortou a comunidade internacional a "controlar a venda de armas, promover a justiça social e assegurar que os investimentos estrangeiros não acentuem ainda mais as desigualdades econômicas".