Grupo jihadista continua devastando regiões do Iraque; porta-voz do Unicef na Itália alerta para uso de crianças na guerra
Da Redação, com Rádio Vaticano em italiano
A situação segue tensa no Iraque com a ação do Estado Islâmico. O grupo jihadista teria sequestrado 1200 crianças para adestrá-las à guerra e usá-las em ações suicidas. O alarme é dado pela Unicef, fundo da ONU para as crianças.
O porta-voz do Unicef na Itália, Andrea Iacomini, afirmou que já há mais de um ano o órgão denunciou que o EI avançava na região e que as crianças começavam a ser vítimas desta situação. É um fenômeno que preocupa, diz Andrea, sobretudo porque o futuro dessas crianças certamente é a violência.
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Com essas crianças em mãos, o grupo jihadista manipula suas mentes para que cresçam como uma geração de fanáticos. Andrea conta que o Unicef trabalha em várias áreas da Síria para recuperar essas crianças do trauma que sofreram por causa dessas situações.
“Não há dúvidas de que fazer crescer um jovem jihadista quer dizer violar todas as normas que há no mundo que fazem referência à própria proteção, ao superior interesse da criança. (…) As crianças não podem ser submetidas a este tipo de pressão e viver em situações como essa”, declarou.
As consequências dessa manipulação mental com as crianças varia de acordo com a idade, afirma Andrea. Quando elas são muito pequenas e já são submetidas a esse tipo de educação, abraçarão essa causa. O trabalho de recuperação envolve levá-las à escola, intervir sobre os traumas, e algumas delas só voltam à normalidade após um período muito longo. E isso não é uma ação apenas do Estado Islâmico, lembra Andrea, mas também do Boko Haram no Sudão.
Crianças na guerra
Segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, 2014 foi um dos piores anos no que diz respeito à presença de crianças na guerra. O porta-voz da Unicef relata que 67 milhões de crianças vivem no contexto de guerra e as piores situações estão na Síria, onde a guerra já dura há mais de cinco anos.
Tão grave quanto é a situação no Iraque, onde dois milhões e meio de crianças são refugiadas da guerra. Em Gaza, há um ano, 500 crianças foram mortas. Também há crianças violadas por obra de grupos armados no Sudão do Sul e a situação é lamentável também na região central da África e na Nigéria.
“Pela primeira vez assistimos, historicamente, a uma utilização de crianças como instrumento de guerra em todos os sentidos: não só recrutadas como solados, mas também mortas para poder demonstrar para o outro lado o quanto é cruel e poderosa a mensagem que quer enviar a parte que as utiliza”, finalizou o porta-voz do Unicef.