França recorda um ano do atentado ao jornal Charlie Hebdo. Presidente da Conferência Episcopal do país pede fraternidade e não ao medo
Da Redação, com Rádio Vaticano em italiano
A França recorda nesta quinta-feira, 7, as vítimas do “Charlie Hebdo” um ano após o atentado terrorista sofrido pelo jornal satírico. Um aniversário lembrado em clima de tensão depois dos atentados de Paris em 13 de novembro do ano passado.
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O arcebispo de Marselha, segunda cidade mais populosa da França, Dom Georges Pontier, que é o presidente da Conferência Episcopal do país, comentou o empenho da comunidade cristã em não se deixar vencer pelo medo e em construir pontes de fraternidade.
Fator religioso como causa
O religioso destaca que é importante olhar para a situação do país hoje e analisar as medidas, os progressos e até mesmo as interrogações que surgiram, pois houve divisões provocadas por questões ideológicas. O fator religioso logo foi indicado como algo perigoso por algumas correntes e isso perdurou ao longo do ano, atribuindo à questão religiosa as causas dos atentados e dos dramas do mundo.
“Isso é algo que contestamos profundamente: o fator da fé não é um fator do qual devemos ter medo e, ao contrário, precisa ter-se em conta como é fonte de sociabilidade e de viver junto”, afirma o arcebispo.
O que mudou um ano depois?
Sobre o que mudou na França após os atentados em 2015, Dom Georges diz que o que progrediu – sendo um bem, mas também um perigo – foi a segurança. “Hoje, aquilo a que se atribui um valor essencial é que em nome da segurança ou da defesa da segurança tudo poderia ser justificado. É certo o dever do Estado de garantir a segurança dos seus cidadãos, mas daí a ter isso como conceito principal arrisca ser a longo prazo algo perigoso e que desilude e podem nascer sanções graves”.
Há exatamente um ano, quando tudo aconteceu, Dom Georges e outros bispos franceses convidaram a população a resistir ao medo. Um ano depois, o bispo admite que a sociedade permanece frágil e diz que o medo é sempre um fator negativo, porque coloca as pessoas umas contra as outras e as leva a tomar decisões nem sempre racionais, e isso é perigoso.
“É preciso, então, trabalhar sempre na linha do encontro, da fraternidade. Precisamos de todos para fazer viver bem este país e é privilegiando a fraternidade em vez do medo que chegaremos a superar os momentos difíceis que vivermos na França”.