Lembrada pela Santo Padre no Angelus, a guerra na Ucrânia ainda não chegou ao fim e as negociações de paz não foram estabelecidas pelos países envolvidos
Da redação, com agências
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Escola bombardeada em Jitomir, na Ucrânia, em março de 2022 / Foto: CNA Images
A guerra na Ucrânia completou três anos nesta segunda-feira, 24. Negoaciações para um acordo de paz ainda não foram alcançadas. Neste domingo, 23, o Papa Francisco recordou o conflito em seu texto dedicado à oração mariana do Angelus. “Ao renovar minha proximidade ao martirizado povo ucraniano, convido-vos a recordar das vítimas de todos os conflitos armados e a rezar pelo dom da paz na Palestina, em Israel e em todo o Oriente Médio, em Mianmar, no Kivu e no Sudão”, disse o Santo Padre.
Em Paris, manifestante foram às ruas acompanhados por sindicatos, ONGs e autoridades eleitas, marchando da Praça da República até a Praça da Bastilha. Manifestantes gritavam slogans anti-Putin e anti-Trump, insistindo que não deveria haver negociações sem a Ucrânia à mesa.
Sylvie Brigot, Diretora da Anistia Internacional França, disse que os ucranianos devem estar presentes em quaisquer futuras negociações de paz depois que Moscou e Washington realizaram conversas na Arábia Saudita sem a presença ucraniana.
As negociações levaram os aliados europeus a se unirem em torno do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, preocupados com a mudança percebida de Trump para Moscou e o risco de discussões ocorrerem sem o envolvimento direto da Ucrânia.
A União Europeia realizará uma cúpula especial sobre a guerra na Ucrânia em 6 de março, anunciou o presidente do Conselho Europeu, António Costa, no domingo.
A Palavra de Dom Visvaldas Kulbokas
O Núncio Apostólico na Ucrânia, arcebispo Visvaldas Kulbokas, também se pronunciou a respeito do terceiro aniversário desta guerra. “Já estamos no terceiro aniversário da guerra em larga escala contra a Ucrânia. Gostaria de sublinhar, aqui, o aspecto prioritário que, falando com os ouvintes da Rádio Vaticano, para mim é uma forma de rezar, porque sei que, especialmente no Ano Jubilar, a oração da Igreja é ainda mais intensa. Portanto, também tudo o que compartilho com vocês sobre a Ucrânia, confio às vossas orações: este é o aspecto mais caro e precioso. E assim também compartilho todas as notícias ou reflexões em espírito de oração”, disse o religioso.
O prelado lamenta um dado sobre a guerra: as mortes no front estão aumentando e não diminuindo, como haveria de se supor. “Em 2023, foram mais do que no primeiro ano da guerra; no ano passado mais do que em 2023. O número de mortes de civis – como também apontam os relatórios das Nações Unidas – também cresceu e continua crescendo. Também aqui em Kiev, a mídia internacional fala de ataques com mísseis mais imponentes, aqueles que ocorrem talvez uma vez por mês. Mas se alguém me perguntasse quando foi a última noite sem um ataque de drones em Kiev, eu não me lembro mais. Se depois falamos de Kharkiv ou Kherson, ali chega também artilharia, então os bombardeios são muito mais numerosos e muito mais intensos do que em Kiev”.
Sem confiança
No coração de Kharkiv, a apenas 40 quilômetros da fronteira russa, o bombeiro Turgut Abbasov e sua brigada enfrentam as consequências implacáveis dos ataques contínuos de mísseis e drones. Por três anos, desde que a invasão em larga escala da Ucrânia começou em fevereiro de 2022, Abbasov testemunhou em primeira mão a devastação causada pela guerra.
“O episódio mais difícil em três anos foi, provavelmente, quando os russos atingiram uma instalação de petróleo, o que resultou em casas e ruas queimando. Acho que 12 casas, se não me engano, e pessoas foram queimadas vivas”, disse Abbasov, relembrando as cenas angustiantes que testemunhou.
Três anos depois do início da guerra, Abbasov diz que não acredita mais em paz duradoura. “Há esperança, sempre há esperança, mas ficarei calmo depois que a guerra acabar ou mesmo se ela congelar? Não. Não ficarei calmo porque os russos estão muito próximos, e não há mais confiança, nem calma como antes.”
Apesar da destruição que o cerca, Abbasov se apega à família para continuar fazendo seu trabalho.
“A presença deles me inspira e me dá força.”