O albinismo é uma condição genética rara em que há ausência de melanina na pele. Por trás das características físicas, existe uma realidade marcada por desafios e superação. No Dia Mundial de Conscientização sobre o Albinismo, nossa equipe mostra como a informação pode garantir dignidade a essas pessoas.
Reportagem de Vanessa Anicio e Daniel Camargo
Os olhos, a pele e os cabelos muito claros sempre chamaram a atenção por onde passava. Desde pequena, Isabella sentia os olhares curiosos e nem sempre gentis.
A farmacêutica, Isabella Braga compartilhou os preconceitos enfrentados. “Eram muitos apelidos pejorativos, pessoas que falavam que se eu não fosse branca, eu seria bonita, falando que a cor do meu cabelo era extremamente branco e isso era muito ruim, porque dava para ver o meu coro cabeludo”.
Mas foi só na infância que veio a confirmação: Isabella tem albinismo, uma condição genética rara, que afeta a produção de melanina no corpo.
“Teve uma dificuldade de aceitação por parte da minha família durante muitos anos. Foi só quando eu cheguei ali na segunda infância , dentro das cúpulas dermatológicas que foi aceitando esse diagnóstico”, contou Isabella sobre sua vivência.
A dermatologista, Carolina Ledsham, explicou a condição. “A melanina tem várias funções, mas a principal é a proteção contra a radiação ultravioleta, que é a radiação solar. Então, a função principal é ter essa proteção. E quando as pessoas têm uma redução nessa proteção, principalmente ela vai ter uma pele mais sensível e um aumento do risco de desenvolver câncer de pele, até mesmo em dados mais jovens, que não é tão comum assim ”.
Quem tem albinismo precisa de uma atenção constante à saúde. Consultas periódicas com oftalmologista e dermatologista são fundamentais para prevenir complicações, já que a pele e os olhos são mais sensíveis à luz solar.
“De seis em seis meses eu sempre estou indo, já extraí várias pintas na dermatologista, com cirurgias eletivas para prevenir câncer de peles futuros. Então é extremamente importante”, reforçou Isabella.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem cerca de 21 mil albinos. Embora a condição não comprometa a capacidade intelectual, a falta de informação ainda é um dos principais fatores que alimentam o preconceito.
“O preconceito te mata aos poucos se você não souber lidar com ele”, afirmou a farmacêutica.
Em maio deste ano, uma nova lei sancionada pelo Governo Federal trouxe mais proteção a este grupo. A norma prevê políticas públicas de saúde e conscientização para garantir mais dignidade, cuidado e visibilidade a esse grupo.
“Seria interessante ter mais políticas em relação a isso. Hoje em dia tem grupos pró-albinismos. Então isso sendo propagado vai comer com certeza. Diminuir o preconceito e o prejuízo dessa população”, apontou a dermatologista.
“A importância do conhecimento no combate ao preconceito associada à inclusão e o quão você pode ser responsável pelo bem-estar do outro”, concluiu ela a respeito de ter consciência da inclusão.