Reforçar a unidade entre as Igrejas orientais católicas. Esta é uma das metas do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, que acontece no Vaticano. A repórter Thaysi Santos mostra como o trabalho da Igreja Católica Apostólica Romana em Jerusalém, contribui para esta unidade.
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Confirmar a fé dos cristãos, reforçar a unidade entre as Igrejas orientais católicas, favorecer o diálogo inter-religioso e frear a saída de cristãos.
Assuntos do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio. Entre as sete igrejas que participam da assembléia, você vai conhecer agora um pouco das atividades da Igreja Católica Apostólica Romana em Jerusalém, conhecida na Terra Santa como a Igreja Latina, por ser de rito latino e, ainda, o apostolado voltado aos cristãos provenientes do judaísmo.
O Patriarcado Latino de Jerusalém, a diocese da Igreja Católica Romana na cidade santa, foi fundado em 1099, quando uma hierarquia latina foi instituída com a nomeação de um Patriarca próprio. Há 2 anos está a cargo de um árabe jordaniano: Dom Fouad Twal. O tema que escolheu para sua missão: "Meu coração está pronto."
Hoje a diocese patriarcal, que inclui um mosaico muito variado de culturas, línguas e tradições, tem cerca de 70 mil fiéis espalhados por Israel, Autoridade Palestina, Jordânia e Chipre.
"Normalmente existe um estado e muitas dioceses, aqui temos uma diocese com muitos estados. A maioria de nossos católicos de rito latino está na Jordânia, devido à emigração. A Igreja latina de Jerusalém possui várias escolas bíblicas e congregações religiosas, quatro seminários e inúmeros peregrinos que vem para rezar por nós", afirmou Dom Fouad.
Se por um lado em Jerusalém existe a força dramática da cruz, por outro, há também essa vivacidade, esta dimensão espiritual de uma Igreja ativa e atuante em vários setores da sociedade, principalmente na educação.
Na Terra Santa estão presentes mais de 100 congregações religiosas, entre masculinas e femininas. A Igreja Católica toda tem 116 escolas com 64 mil alunos. Instituições abertas a todos: cristãos, muçulmanos e judeus.
Dom Fouad explica que "na Galiléia, os árabes são cerca de 55 mil, além dos que vêm de fora, como indianos e filipinos. Temos a emigração, que é uma hemorragia, mas por outro lado, temos a imigração, pessoas que vem para morar, o que aumenta o número de paroquianos. Cabe a nós, igreja latina, cuidar desses imigrantes".
De acordo com o Vigário patriarcal para Israel em Nazaré, Dom Giacinto Boulos Marcuzzo, "o desafio destas comunidades cristãs é justamente o título do Sínodo: a Comunhão e o testemunho. Somos diferentes pela cultura, origem, mas temos a mesma fé e temos de criar uma comunhão entre nós e buscar, nas dificuldades e na diversidade, dar testemunho de Cristo ressuscitado".
Dentro do Patriarcado Latino, de língua árabe, existe também o Vicariato de língua hebraica, uma comunidade de católicos de expressão hebraica que vive em Israel, composta por membros vindos do povo judeu e fiéis de outras nações.
Hoje, essas comunidades estão ativas em quatro cidades de Israel: Jerusalém, Tel Aviv-Jaffa, Haifa e Beer Sheba.
Em 2009, padre David Neuhaus, um jesuíta israelense, foi nomeado vigário patriarcal para a comunidade de expressão judaica.
"Eles tem uma identidade um tanto especial: vivem na íntegra, em meio à sociedade israelense, como católicos são uma comunidade pequena, quase uma minoria invisível e, falam hebraico. É uma grande revolução, porque o fato de pensarem a fé cristã em hebraico, rezarem em hebraico… é uma experiência nova na Igreja", explica padre David.
Os franciscanos, no início chamados no Oriente "frades da corda", chegaram à Terra Santa no século XIII, para estabelecer, organizar e fortalecer as comunidades católicas, bem como construir centros de acolhimento para os peregrinos.
Em 1342 o Papa Clemente VI confiou a eles a Custódia da Terra Santa, a missão de cuidar dos santuários da Redenção. Eles deram um impulso fundamental no crescimento da Igreja Católica de rito latino no território. Graças a eles, espalhou-se em todo o mundo católico devoções caras ao universo cristão.
O Custódio da Terra Santa, Padre Pierbattista Pizzaballa, fala sobre o papel dos franciscanos na região. "O nosso papel, o papel dos franciscanos, é o de recordar como a terra e os lugares são necessários, ligados também ao testemunho cristão, porque são elementos físicos, tangíveis e concretos da nossa pertença a esta terra. O significado de nossa presença no Sínodo é de manter-nos ligados às origens e contribuir para a união entre a Igreja local e a Igreja universal".
Sobre a emigração dos cristãos na Terra Santa, Dom Fouad Twal faz um apelo: "Essa hemorragia que machuca a todos nós, a Igreja da Terra Santa, é uma perda para o cristianismo no mundo, perda para os próprios judeus, e muçulmanos também, pois os cristãos nesses lugares são um elemento de tolerância, colaboração, de paz e cultura".
"Cabe a nós, à comunidade internacional e aos políticos convencer nossos cristãos a permanecerem, há um sentido de pertença a esta terra, é a nossa identidade. Se, por causa da situação política e econômica eles saem, eu digo, paciência. Que o Senhor possa abençoá-los, sabemos que fora conseguem encontrar trabalho, dignidade e liberdade, mas não encontrarão uma Terra Santa", concluiu.
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