Encontro em Viena reuniu líderes diplomáticos para discutir soluções para a crise síria, que já resultou em mais de 250 mil mortes; Irã participa pela primeira vez
Da Redação, com Rádio Vaticano em italiano
Passam por Viena os esforços diplomáticos para resolver a crise na Síria. Líderes das principais diplomacias internacionais se reuniram na capital austríaca na noite desta quinta-feira, 29, como Rússia, Estados Unidos, Arábia Saudita, Turquia, Egito e, pela primeira vez, a convite de Washington, o Irã.
A crise síria já provocou mais de 250 mil mortes desde 2011. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, reiterou que não há uma solução militar para a Síria, então, o caminho está aberto para a diplomacia.
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O pesquisador do Instituto para os estudos de política internacional e estudioso de dinâmicas do Oriente Médio, Stefano Torelli, comentou a novidade da participação iraniana no debate sobre a Síria. Ele explica que o Irã é um dos atores mais envolvidos no conflito na Síria e, portanto, é evidente que o envolvimento do Teerã é indispensável para a busca de soluções.
“Isso do ponto de vista operacional. Do ponto de vista formal, é o primeiro encontro desse tipo que acontece após o acordo nuclear firmado no verão passado, em julho, entre Irã e as consideradas potências do 5 +1. isso é, os 5 membros do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha. Esse fato abriu diplomaticamente o caminho ao Irã para uma participação em um consenso internacional”.
A grande interrogação, segundo Stefano, é conciliar a linha do Irã xiita com aquela da Arábia Saudita sunita, as duas grandes potências da área. “Todos estão convencidos de que, na realidade, ao invés de resolver o conflito no curto prazo, o verdadeiro desafio é a médio-longo prazo, ‘ajustando’ essa rivalidade entre Arábia Saudita e Irã fazendo com que os interesses dessas duas potências não digo que possam convergir, porque isso parece bastante improvável, mas cheguem a um ponto comum, para que se possa encontrar um acordo”.
Um fato conhecido é que a Arábia Saudita quer uma Síria sem influência do Irã; por outro lado, o Irã tem ambições de manter o seu papel na Síria. Uma provável solução, de acordo com Torelli, seria encontrar um ponto de diálogo para que os interesses de ambas as partes possam ser parcialmente garantidos e, para isso, é preciso que elas cedam parte de suas ambições em nome de uma possível pacificação para a área.