Francisco afirmou que quanto mais os fiéis de deixarem guiar “humildemente” pelo Espírito Santo, tanto mais as incompreensões e divisões serão superadas
Kelen Galvan
Da redação
“O Espírito Santo é a alma da Igreja. Ele dá a vida, suscita os diversos carismas que enriquecem o povo de Deus e sobretudo cria a unidade entre os crentes”, afirmou o Papa Francisco neste sábado, 29, durante sua viagem à Turquia.
O Santo Padre presidiu a Santa Missa na Catedral do Espírito Santo em Istambul e, em sua homilia, destacou a ação do Espírito Santo na vida da Igreja e de cada fiel.
“Quando rezamos, fazemo-lo porque o Espírito Santo suscita a oração no coração. Quando rompemos o círculo do nosso egoísmo, saímos de nós mesmos e nos aproximamos dos outros para encontrá-los, escutá-los, ajudá-los, foi o Espírito de Deus que nos impeliu. Quando descobrimos em nós uma capacidade inusual de perdoar, de amar a quem não gosta de nós, foi o Espírito que Se empossou de nós. Quando deixamos de lado as palavras de conveniência e nos dirigimos aos irmãos com aquela ternura que aquece o coração, fomos de certeza tocados pelo Espírito Santo”, explicou.
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O Pontífice destacou que é o Espírito Santo que suscita os diversos carismas na Igreja e, essa diversidade, que a princípio parece “criar desordem”, constitui uma “imensa riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade”.
“Só o Espírito Santo pode suscitar a diversidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Quando somos nós a querer fazer a diversidade e fechamo-nos nos nossos particularismos e exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade de acordo com os nossos projetos humanos, acabamos por trazer a uniformidade e a homologação”, esclareceu o Papa.
Francisco disse ainda que a Igreja e as Igrejas são chamadas a deixarem-se guiar pelo Espírito Santo, colocando-se numa atitude de abertura, docilidade e obediência.
“Trata-se de uma visão de esperança, mas ao mesmo tempo fadigosa, pois em nós está sempre presente a tentação de opor resistência ao Espírito Santo (…) Na realidade, a Igreja mostra-se fiel ao Espírito Santo na medida em que põe de lado a pretensão de O regular e domesticar. E nós, cristãos, tornamo-nos autênticos discípulos missionários, capazes de interpelar as consciências, se abandonarmos um estilo defensivo para nos deixamos conduzir pelo Espírito”, esclareceu.
Segundo o Papa, estes mecanismos de defesa impedem os cristãos de compreender verdadeiramente os outros e abrir-se a um diálogo sincero com eles. “A Igreja, nascida do Pentecostes, recebe em herança o fogo do Espírito Santo, que não enche tanto a mente de ideias, como sobretudo faz arder o coração; é investida pelo vento do Espírito, que não transmite um poder, mas habilita para um serviço de amor, uma linguagem que cada um é capaz de compreender.
E concluiu afirmando que quanto mais os fiéis se deixarem guiar “humildemente” pelo Espírito do Senhor, tanto mais irão superar as incompreensões, as divisões e as controvérsias, tornando-se sinal credível de unidade e de paz.