AGOSTO DOURADO

Semana Mundial de Amamentação: educação e apoio para o aleitamento materno

Além de nutrir da maneira ideal, amamentação atua como proteção imunológica para a criança e tem repercussões importantes em sua saúde no futuro

Catarina Jatobá
Da Redação

Foto: Mart Production – Pexels

Ao longo desta semana, de 1º a 7 de agosto, países de todo o mundo trazem à discussão na sociedade um assunto fundamental para a saúde das crianças e dos adultos, no futuro: a importância do aleitamento materno. Com índices globais abaixo do esperado, a ideia da Semana Mundial de Amamentação, aqui no Brasil Agosto Dourado, é redespertar nas famílias o interesse por uma dádiva que a natureza feminina traz em si, a capacidade de amamentar.

No mundo, apenas quatro em cada dez crianças são amamentadas exclusivamente nos primeiros seis meses de vida, segundo dados de 2021 da Organização Mundial da Saúde. No Brasil, somente 45,8% dos bebês até seis meses têm o leite materno como único alimento, como aponta o estudo Nacional de Alimentação Infantil de 2019.

A campanha global é organizada pela Aliança Mundial para a Ação da Amamentação (WABA, em inglês), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), e surgiu como um compromisso entre os países para promover o aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses de vida e continuado até pelo menos 2 anos de idade.

Neste ano, o tema da campanha mundial é “Educação e Apoio” e se concentra no fortalecimento da capacidade das pessoas envolvidas na prática que têm de proteger, promover e apoiar o aleitamento materno em diferentes níveis da sociedade.

Padrão ouro de qualidade

O leite materno é o alimento perfeito do ponto de vista nutricional e das necessidades imunológicas de uma criança, principalmente nos primeiros meses de vida. Por isso, o nome da campanha – Agosto Dourado, pelo padrão de ouro de qualidade atribuído ao leite materno. Além disso, a amamentação também alimenta o aspecto emocional, pois promove o vínculo entre mãe e filho.

Para a presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Dra. Rosangela G. Santos, os benefícios do leite materno para os bebê são inúmeros. “Melhora a imunidade em geral. Melhora a inteligência da criança, melhorando o potencial de escolaridade. Previne contra anemia, obesidade, diabetes e problemas cardíacos ao longo da vida. Protege contra infecções gastrointestinais bacterianas e virais. Reduz riscos de doenças alérgicas ou o surgimento de linfomas, entre outros. Rico em DHA, ajuda a desenvolver o sistema nervoso e auxilia no melhor desenvolvimento da arcada dentária”. O leite humano também reduz a mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos.

“Mamalgesia” e resposta imunológica

O leite materno tem ainda propriedades analgésicas, por conter beta-endorfina, o que causa bem-estar e ajuda no alívio da dor em alguns procedimentos. Por isso, desde 2019, a Organização Mundial da Saúde passou a recomendar que a amamentação seja realizada, quando possível, 5 minutos antes ou durante a vacinação. “Em alguns estudos, durante processos invasivos, a amamentação diminuiu a frequência cardíaca, duração do choro, queda de saturação de oxigênio e redução da dor em recém-nascidos amamentados em relação ao grupo controle”, explica Rosângela.

Pesquisas científicas mostram que, além do alívio imediato, crianças que são amamentadas respondem melhor às vacinas, pois o leite materno auxilia no ajuste da resposta imunológica.

Proteção contra câncer de mama, ovários e endométrio

A amamentação favorece também a saúde da mãe. Isso ocorre porque a prática de amamentar provoca alterações no corpo da mulher que podem beneficiar a sua saúde a curto e longo prazo. É o que indica a Sociedade Brasileira de Pediatria, que destaca benefícios como a proteção contra diabetes tipo 2, câncer de ovários e endométrio e câncer de mama. 

Dra. Rosângela enfatiza que a amamentação “reduz em 22% o risco de desenvolvimento de câncer de mama, e essa taxa é proporcional ao tempo de aleitamento materno. Em relação ao câncer de ovário, a redução do risco quando a mulher amamenta é de cerca de 30%”. E mesmo que a mulher desenvolva esse tipo de câncer, a sobrevida das que amamentaram é maior do que as demais. Dra. Rosângela destaca ainda que, em mulheres que amamentam exclusivamente, a amenorreia (ausência da menstruação) foi 23%, o que diminui a perda de sangue, protegendo contra a anemia.

“A cada 3 horas entrava na UTI para amamentá-lo”

A experiência de amamentar nem sempre é fácil e tranquila. Mas quem reconhece os benefícios dessa prática natural não abre mão. A administradora Maria Clara Nogueira, 27, começou a pesquisar, ainda na gravidez, sobre amamentação e aleitamento materno exclusivo. Mas para sua surpresa, o pequeno Josep nasceu prematuro, com 34 semanas, e precisou ficar internado na UTI neonatal por 17 dias.

“Eu tive alta da maternidade e o hospital era em outra cidade. E, mesmo ainda com ponto da cesárea, todos os dias eu ia bem cedo e só voltava à noite. Passava o dia na porta do hospital; e, a cada 3 horas, eu entrava na ala da UTI para amamentá-lo.”

Nesse tempo, ela também precisou criar uma rotina de ordenha para que o leite não secasse. O puerpério também foi outro desafio, quando Maria Clara se sentiu sensível e vulnerável e, mesmo assim, amamentar foi sua opção. “Hoje, percebo que valeu a pena todo o esforço, todo o tempo dedicado à amamentação. Meu filho conseguiu se desenvolver bem e alcançar a idade cronológica de um bebê que nasceu no tempo certo”.

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