ARMAS E GUERRA

Santa Sé: preocupante ressurgimento de uma retórica nuclear agressiva

O observador permanente da Santa Sé, arcebispo Gabriele Caccia, destacou a preocupação da Santa Sé com o aumento significativo dos gastos militares no mundo

O arcebispo Gabriele Giordano Caccia, Observador Permanente do Vaticano junto à ONU / Foto: Reprodução Youtube

Da redação, com Vatican News

Em vez de avançar em direção à paz, o mundo parece estar se movendo na direção oposta, com um desenvolvimento preocupante de armas cada vez mais destrutivas. Foi o que afirmou nesta quinta-feira, 4, em Nova York o arcebispo Gabriele Caccia, observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, durante a plenária de alto nível da Assembleia Geral dedicada ao Dia Internacional contra os Testes Nucleares.

“Oitenta anos atrás”, começou o representante do Vaticano, “a explosão da primeira arma nuclear revelou ao mundo uma força destrutiva sem precedentes. Esse evento mudou o curso da história e lançou uma longa sombra sobre a humanidade, provocando graves consequências tanto para a vida humana quanto para a criação. As consequências devastadoras desse evento dramático levaram à convicção problemática de que a paz e a segurança poderiam ser mantidas através da lógica da dissuasão nuclear, um conceito que continua a desafiar o raciocínio moral e a consciência internacional”.

O prelado lembrou que, desde o primeiro teste nuclear em 16 de julho de 1945, mais de dois mil testes nucleares foram realizados na atmosfera, no subsolo, nos oceanos e na terra firme: “essas ações afetaram todos, especialmente as populações indígenas, as mulheres, as crianças e os nascituros. A saúde e a dignidade de muitos continuam a ser comprometidas em silêncio e, muitas vezes, sem qualquer indenização”.

Por isso, acrescentou, a Santa Sé convida a refletir sobre a urgente responsabilidade compartilhada de garantir que as terríveis experiências do passado não se repitam: “é particularmente preocupante que, diante dessa importante responsabilidade compartilhada, a resposta global pareça ir na direção oposta. Em vez de avançarmos em direção ao desarmamento e a uma cultura de paz, assistimos a um recrudescimento da retórica nuclear agressiva, ao desenvolvimento de armas cada vez mais destrutivas e a um aumento significativo das despesas militares, muitas vezes em detrimento dos investimentos no desenvolvimento humano integral e na promoção do bem comum. É imperativo superar o espírito de medo e resignação. Como afirmou recentemente o Papa Leão XIV: «Não devemos nos habituar à guerra! Pelo contrário, devemos rejeitar como uma tentação o fascínio dos armamentos poderosos e sofisticados» (Audiência Geral de 18 de junho de 2025).

A busca por “um mundo livre das armas nucleares” – continuou dom Caccia – não é apenas uma questão de necessidade estratégica e vital, mas também uma profunda responsabilidade moral. Esse compromisso exige um renovado empenho no diálogo multilateral e na implementação resoluta dos tratados de desarmamento, bem como um apoio concreto às comunidades que continuam sofrendo as consequências de longo prazo dos testes nucleares e dos armamentos”.

“A Santa Sé – concluiu o representante do Vaticano – reitera a importância da entrada em vigor do Tratado sobre a Proibição Total de Testes Nucleares, juntamente com a plena implementação do Sistema Internacional de Monitoramento e seus mecanismos de verificação” e “reitera seu apoio incondicional ao Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares”, pedindo “o fortalecimento contínuo da norma global contra os testes nucleares explosivos como um passo essencial para uma paz autêntica e duradoura”.

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