Ex-cardeal McCarrick foi declarado culpado por uso impróprio da Confissão e violação do Sexto Mandamento do Decálogo com menores e adultos, com o agravante do abuso de poder
Da redação, com Vatican News
O ex-cardeal estadunidense Theodore Edgar McCarrik, 88 anos, foi demitido do estado clerical. A notícia foi divulgada por meio de um Comunicado da Congregação para a Doutrina da Fé, neste sábado, 16.
“Em data 11 de janeiro de 2019, o Congresso da Congregação para a Doutrina da Fé emitiu o decreto conclusivo do processo penal a Theodore Edgar McCarrick, Arcebispo emérito de Washington, D.C., com o qual o acusado foi declarado culpado dos seguintes delitos perpetrados como clérigo: uso impróprio da Confissão e violação do Sexto Mandamento do Decálogo com menores e adultos, com o agravante do abuso de poder, portanto foi-lhe imposta como sentença a demissão do estado clerical. No dia 13 de fevereiro de 2019 a Sessão ordinária (Feria IV) da Congregação para a Doutrina da Fé examinou os argumentos apresentados no recurso do recorrente e decidiu confirmar o decreto do Congresso. Tal decisão foi notificada a Theodore Edgar McCarrick em data de 15 de fevereiro de 2019. O Santo Padre reconheceu a natureza definitiva, segundo as normas de lei, desta decisão, que torna o caso res iudicata, ou seja, não sujeita a ulterior recurso”., diz o texto.
Entenda o caso
Em setembro de 2017, a arquidiocese de Nova York assinalou à Santa Sé as acusações feitas por um homem contra McCarrick de que fora abusado por ele nos anos 1970 quando era adolescente. O Papa determina uma investigação prévia aprofundada, realizada pela arquidiocese de Nova York e na conclusão da qual a relativa documentação foi transmitida à Congregação para a Doutrina da fé.
Em junho de 2018 o cardeal secretário de estado Pietro Parolin, sob indicação do Papa Francisco, comunica a McCarrick que não poderá mais exercer publicamente o seu ministério sacerdotal. Enquanto isso, no decorrer das investigações vêm à tona graves indícios. Em 28 de julho de 2018 o Papa aceita sua renúncia do Colégio Cardinalício, ordenando-lhe a proibição do exercício do ministério público e a obrigação de levar uma vida de oração e de penitência.
Em 6 de outubro de 2018, um comunicado da Santa Sé afirma incisivamente: “Tanto abusos como a cobertura dos mesmos não poderão mais ser tolerados e um diverso tratamento para os Bispos que os cometeram ou lhes deram cobertura representa, de fato, uma forma de clericalismo que não será mais aceita”. E reitera o “premente convite” do Papa Francisco “para unir as forças para combater a grave chaga dos abusos dentro e fora da Igreja e para prevenir que tais crimes sejam ulteriormente perpetrados prejudicando os mais inocentes e os mais vulneráveis da sociedade”. Em vista do encontro no Vaticano dos presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo de 21 a 24 de fevereiro de 2019, sublinha por fim as palavras do Papa na Carta ao Povo de Deus: “A única maneira de respondermos a esse mal que prejudicou tantas vidas é vivê-lo como uma tarefa que nos envolve e corresponde a todos como Povo de Deus. Essa consciência de nos sentirmos parte de um povo e de uma história comum nos permitirá reconhecer nossos pecados e erros do passado com uma abertura penitencial capaz de se deixar renovar a partir de dentro” (20 de agosto de 2018).
Biografia
Theodore Edgar McCarrick, 88 anos, nasceu em Nova York em 7 de julho de 1930. Foi ordenado sacerdote pelo cardeal Francis Splellman há 60 anos atrás, em 31 de maio de 1958. Nomeado bispo auxiliar de Nova York em maio de 1977 por São Paulo VI. São João Paulo II nomeou-o bispo de Metuchen (1981-1986),arcebispo metropolita de Newark (1986-2000), arcebispo metropolita de Washington (2000-2006) o criou-o cardeal em 21 de fevereiro de 2001. McCarrick participou do conclave de 2005 que elegeu Papa Bento XVI
Trabalhou muito na promoção dos direitos humanos e da liberdade religiosa e come esta meta teve missões em numerosos países como a China, Cuba, Vietnã, Filipinas, Corea do Sul, Ruanda, Burundi e nos países da Europa do Leste. Em novembro de 1996 foi convidado para trabalhar no comitê consultivo da Secretaria de Estado para a liberdade religiosa no exterior e em julho de 1999 foi nomeado membro da Comissão dos Estados Unidos para a liberdade religiosa internacional, instituída no ano anterior por lei federal. Papa Francisco aceitou sua renúncia como cardeal em 28 de julho de 2018.