Após tentativa de golpe

Saiba como os cristãos estão lidando com a tensão na Turquia

A grande maioria da população cristã existente na Turquia é formada por estrangeiros residentes no país. Poucos são os nativos turcos de fé cristã

Da redação, com Rádio Vaticano

A Turquia continua em clima de tensão após a tentativa de golpe militar no país aplicada na sexta-feira, 16, por opositores do governo de Recep Tayyip Erdogan. Os 100 mil cristãos no país, dos quais 30 mil são católicos, também sentem o efeito do momento, porém, com “serenidade”.

“Estamos serenos, mas também um pouco inquietos pela evolução da situação. Esperamos a solução para estes acontecimentos, os pontos de interrogação não faltam”, afirma o Arcebispo Latino de Esmirna, Dom Lorenzo Piretto.

A grande maioria da população cristã existente na Turquia é formada por estrangeiros residentes no país. Poucos são os nativos turcos de fé cristã. A estes somam-se os refugiados sírios e iraquianos, fugidos da guerra em seus países. Por ironia do destino, Esmirna foi uma das primeiras terras a acolher a pregação apostólica. As sete Igrejas às quais são endereçadas as Cartas que abrem o Apocalipse são todas da Península anatólica. Os primeiros sete Concílios Ecumênicos realizaram-se naquelas terras. Antioquia foi o lugar onde, pela primeira vez, os seguidores de Jesus foram chamados de “cristãos”.

“Não cabe a nós decifrar ou interpretar o que está acontecendo – explica o Arcebispo. Nós esperamos e rezamos para que a tensão diminua, que quem está no Governo hoje use de moderação. Tensões novas, ou pior, vinganças despropositadas, não servem para a Turquia. Esperamos em um clima de reconciliação e paz”.

O Vigário Apostólico na Turquia, Rubén Tierrablanca Gonzales, fala de “tempos difíceis de compreender”. “Estamos confusos, a situação de tensão nos deixa abalados, afirmou. Este clima gera agressões e violência. Em situações do gênero acontece também que tenha quem se sinta autorizado a danificar as Igrejas, como a do Padre Andrea Santoro, em Trabzon e em Malatya”.

“Como líderes religiosos, temos denunciado e violência e exortado à moderação”, acrescenta o franciscano, que não deixa de observar que “as pessoas têm medo e isto se percebe andando pela cidade. Basta caminhar por Istambul para entender que não é a cidade de sempre, não é a vida normal. Para que volte ao normal, teremos que esperar muito”.

Nesta situação de “incerteza e confusão – conclui o Vigário – somos chamados como Igreja a viver no dia a dia o diálogo, a proximidade, a fraternidade e a reconciliação. Este é o melhor serviço que podemos prestar à Turquia”.

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