A Cáritas é o primeiro contato que muitos refugiados têm ao chegarem a um país com idioma e cultura diferentes
Alessandra Borges
Da redação
A cidade de São Paulo é o destino escolhido por muitos refugiados que tomam a decisão de deixar seu país de origem em virtude de guerra e situações de perigo. É o que relata a coordenadora de proteção do Centro de Referência para Refugiados da Caritas São Paulo, Larissa Leite. Ela conversa diariamente com essas pessoas que chegam à cidade sem conhecer o idioma, sem documentos, dinheiro e precisando de ajuda imediata. A entidade se empenha justamente no auxílio aos refugiados.
Muitos desses refugiados, ao chegarem à sede da Cáritas, relatam que já estavam no país há alguns dias ou semanas, e que a melhor sensação, depois de sofrerem diversas situações de perigo, é ter alguém que pare para ouvi-los.
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“O primeiro conforto é dizer para elas: ‘Calma, o processo [de legalização] vai ser esse e você vai ter um documento. Se precisar de ajuda médica, você vai ter’. Depois disso, vamos vendo quais as necessidades emergentes. O primeiro é a moradia para aqueles que não a tem; depois, algumas necessidades médicas e materiais. Nós tentamos encaminhar essas pessoas para as casas de referência para estrangeiros em condição de vulnerabilidade, mas nem sempre tem vaga; então, fazemos o encaminhamento para rede pública de albergamento”, explicou Larissa.
Larissa também conta que, neste ano de 2015, o número de pessoas que procuram a assistência da Cáritas aumentou, e os sírios ocupam o primeiro lugar no quesito refúgio, em número de refugiados reconhecidos, apesar da distância geográfica e cultural.
“Tem um aumento sim e modificam um pouco as nacionalidades. A legislação os separam em duas categorias: aqueles que chegam, iniciam o processo e fazem o pedido ao governo para serem reconhecidos como refugiados, e aqueles que já foram reconhecidos. A população maior é daqueles que ainda estão aguardando a decisão, e são solicitantes de refúgios”, informou a coordenadora.
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Dificuldades da Caritas
Uma das dificuldades enfrentadas pela Cáritas para abrigar essas pessoas nos albergues da cidade de São Paulo é que a rede pública de albergamento faz parte de um sistema centralizado; assim, é preciso direcionar essas pessoas até o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), que definirá em qual albergue ela poderá pernoitar. Segundo Larissa, até essas pessoas encontrarem uma vaga fixa, elas precisam se dirigir pessoalmente ao CREAS todos os dias.
“Imagina: você chegou em um país e não fala nenhum idioma, precisa se locomover, comunicar-se, mas os servidores públicos, em sua grande maioria, também não falam nenhum idioma. Então, aquele serviço foi formado para outra população com outras necessidade”, destacou Larissa.
A entidade recebe, por semana, uma média de 80 pessoas de nacionalidades diferentes, que chegam pela primeira vez até a Cáritas e precisam utilizar os serviços de assistência aos refugiados.
Sensibilização da sociedade
Com o aumento das notícias sobre a situação dos refugiados pelo mundo e por identificarem a presença deles nos estados brasileiros, a sociedade tem procurado ajudar essas pessoas, seja com campanhas para arrecadar alimentos e produtos básicos de higiene ou com oportunidades de emprego e abrigo.
Larissa explica que hoje a reação das pessoas é de querer ajudar, e a Cáritas tem recebido doações, além da visita de pessoas que desejam contribuir de outra forma.
Conheça o testemunho de Christina Tsapatsis, da cidade Barueri (SP), que se sensibilizou com a situação das famílias refugiadas e propôs uma ação entre amigos para arrecadar alimentos, roupas e produtos de higiene básicos:
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