O clássico da literatura japonesa “Silêncio” ganhará uma versão para as grandes telas e será dirigida pelo premiado diretor estadunidense Martin Scorsese
Rádio Vaticano
A perseguição aos cristãos no Japão do século XVII descrita no clássico da literatura japonesa “Silêncio”, de Endo Shusako, ganhará uma versão para as grandes telas dirigida pelo premiado diretor estadunidense Martin Scorsese.
Durante coletiva à imprensa nesta segunda-feira, 4, em Taipei, onde a maior parte do filme foi gravada, Scorsese disse realizar um sonho de mais de 20 anos. “A história deste livro e os mistérios da fé me acompanham desde minha infância”, declarou.
Já na época do primeiro contato com a história de “Silêncio”, em 1998, quando o reverendo Paul Moore da Igreja Episcopal dos EUA sugeriu a leitura, Scorsese quis fazer um roteiro para o cinema.
Todavia, a “tentativa não foi bem sucedida” e o diretor precisou de mais de 15 anos até “encontrar o caminho justo”. A fé católica que inspira Scorsese já fez com que ele levasse às telas “A última tentação de Cristo”, em 1988.
O livro
“Silêncio”, cuja primeira edição foi publicada em 1966, teve ampla repercussão no Japão e consagrou Endo. A história se passa em Nagasaki do século XVII, quando o sacerdote jesuíta português Cristóvão Ferreira, após anos de missão para difundir a fé católica, renegou a própria fé. A notícia, ao chegar a Roma, abala a Cúria da Companhia de Jesus, que decide enviar dois jovens sacerdotes para investigar a igreja no Japão.
Contudo, os ideais e entusiasmo dos jovens jesuítas sucumbem diante da perseguição aos cristãos da dinastia Tokugawa. Aqueles suspeitos de serem cristãos são obrigados pelas autoridades a espezinhar imagens sagradas: quem se nega é torturado e morto, enquanto quem aceita é humilhado e constringido a viver à margem da sociedade, renegados tanto pela comunidade cristã assim como dos japoneses em geral.