O Papa Bento XVI recebeu em audiência os Superiores e os Alunos da Pontifícia Academia Eclesiástica na manhã desta sexta-feira, 10, na Sala do Consistório do Palácio Apostólico Vaticano.
A Academia é responsável pela formação do Corpo Diplomático que trabalha junto às Representações Pontifícias, como os Núncios, Delegados Apostólicos e Observadores Permanentes, por exemplo.
O diplomata da Santa Sé é sempre um sacerdote ou um bispo, homem que já escolheu viver a serviço de uma Palavra que não é a sua, recordou o Santo Padre. "De fato, ele é um servidor da Palavra de Deus, foi investido, como todo o sacerdote, de uma missão que não pode ser desempenhada em tempo parcial, mas requer ser, com a vida toda, uma ressonância da mensagem que lhe foi confiada, aquela do Evangelho".
Nesse sentido, é sobre as bases desta identidade sacerdotal, bem clara e vivida de modo profundo, que se insere com certa naturalidade a missão específica de ser portador da palavra do Papa, "do horizonte do seu ministério universal e da sua caridade pastoral, em relação às Igrejas particulares e às instituições nas quais é legitimamente exercitada a soberania no âmbito estatal ou das organizações internacionais", continua Bento XVI.
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"A diplomacia pontifícia, como é comumente chamada, tem uma longuíssima tradição e a sua atividade contribuiu de maneira muito relevante para plasmar, na era moderna, a fisionomia mesma das relações diplomáticas entre os Estados", salientou.
O diplomata da Santa Sé deve fazer uso de todas as suas qualidades humanas e sobrenaturais. "Bem se compreende como, no exercício de um ministério tão delicado, o cuidado pela própria vida espiritual, a prática das virtudes humanas e a formação de uma sólida cultura andam lado a lado e se apoiam reciprocamente. São dimensões que permitem manter um profundo equilíbrio interior, em um trabalho que exige, entre outros, a capacidade de abertura ao outro, equanimidade de julgamento, distância crítica das opiniões pessoais, sacrifício, paciência, constância e às vezes também firmeza no diálogo com todos".
O representante, o enviado deve ter a capacidade de levar a palavra daquele que representa de modo fiel, respeitoso da sensibilidade e da opinião dos outros, e eficaz. Ele deve ser instrumento de construção da comunhão possível entre os povos e do consolidar-se entre esses de relações pacíficas e solidárias.
"Está aqui a verdade habilidade do diplomático e não, como às vezes erroneamente se crê, na astúcia ou naquelas atitudes que representam antes de tudo as degenerações da prática diplomática. Lealdade, coerência e profunda humanidade são as virtudes fundamentais de qualquer enviado, o qual é chamado a colocar não somente o próprio trabalho e as próprias qualidades, mas, de certo modo, a pessoa inteira a serviço de uma palavra que não é sua", disse o Pontífice.