"Pensei que era uma reviravolta na minha vida, como naquela de todo homem que se torna sacerdote, porque a ordenação sacerdotal confere ao homem uma nova qualidade de vida e o faz tornar-se um 'encarregado' de Cristo, que deve levar o mistério e a palavra de Jesus Cristo ao mundo". Com essas palavras, Monsenhor Georg Ratzinger, irmão mais velho do Papa Bento XVI, recordou, em uma entrevista concedida recentemente à revista mensal italiana 30 giorni, o 60° aniversário do sacerdócio vivido junto a seu irmão pontífice.
A respeito da comemoração pelo aniversário da ordenação sacerdotal, Monsenhor Ratzinger recordou a missa solene concelebrada com seu irmão na Basílica vaticana e a festividade em sua terra natal, a Alemanha, com cerimônia realizada na Catedral de Frisinga. O sacerdote confessou que, inicialmente, queria festejar sozinho, em privado, sem participar de cerimônias solenes, porque ainda não se recuperou totalmente da operação que fez no joelho e estas cerimônias, segundo ele, exigem um preparo físico e mental. "Mas estou contente que as coisas tenham acontecido diversamente, porque foram momentos muito tocantes".
Georg Ratzinger comentou também a respeito de sua relação familiar e sacerdotal com o Santo Padre, que permanece até hoje. "Quando nos vemos é sempre uma grande alegria. Em toda a nossa vida sempre nos encontramos e naturalmente não queremos renunciar a isso agora na velhice, quando experimentamos em modo particular este sentimento de pertencer um ao outro", declarou. Ao lembrar da ordenação conjunta com seu irmão no dia 29 de junho de 1951, Monsenhor Ratzinger afirmou que as memórias daquele dia permanecem como "a gratidão de ter recebido a graça de ser padre que cresce de ano em ano".
Por fim, o irmão de Bento XVI, que foi por muitos anos diretor do coro da Catedral de São Pedro, em Ratisbona, Alemanha, também falou de sua dedicação à música sacra e a importância dela na vida religiosa. "A música sempre teve uma sua importância basilar para a vida religiosa porque a palavra falada alcança somente a razão, enquanto a música envolve o homem todo nos louvores a Deus. E mesmo que as modalidades possam variar, a música sacra terá sempre uma grande importância. Temos que nos assegurar que a música seja cuidada de maneira que possa alcançar plenamente o efeito que lhe é próprio: aquele de conduzir os homens a Deus".
Durante a entrevista, Monsenhor Ratzinger falou também do lançamento do seu novo livro, no dia 12 de setembro, na Alemanha. A publicação leva o título de "Meu irmão, o Papa" e foca em suas relações pessoais com o Santo Padre.
