Cuidado com a criação

Rezar 'com' a criação, propõe Frei Raniero em encontro com o Papa

Frei Raniero Cantalamessa foi responsável pela reflexão, intitulada “Rezar pela Criação ou rezar com a Criação?”, durante encontro com o Papa

Da redação, Rádio Vaticano

O Papa Francisco, na tarde desta quinta-feira, 1º de setembro, presidiu na Basílica de São Pedro às Solenes Vésperas pelo Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. A data foi instituída pelo Santo Padre em 2015, unindo assim a Igreja Católica a uma iniciativa que já era realizada pelas Igrejas Ortodoxas.

O Pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, foi responsável pela reflexão, intitulada “Rezar pela Criação ou rezar com a Criação?”.

O Frei capuchinho recordou que existem muitas tarefas do homem em relação à criação, algumas mais urgentes que outras, como a água, o ar, o clima, a energia, a defesa das espécies em risco. Segundo ele, fala-se deste tema em todos os ambientes e encontros que se ocupam de ecologia. Mas faz uma ressalva:

“Existe porém, um dever pela criação do qual não se pode falar se não em um encontro entre fieis e é justamente por isto que foi colocado ao centro deste encontro de oração. Tal dever é a doxologia, a glorificação de Deus pela criação. Uma ecologia sem doxologia torna o universo opaco, como um imenso mapa-múndi de vidro, privado da luz que deveria iluminá-lo por dentro”.

Glorificação de Deus

A tarefa primordial das criaturas em relação à criação é de emprestar a ela a sua voz. Foram necessários milhares de anos para que o universo chegasse “à luz da consciência”, alcançada quando apareceu aquela que Teilhard de Chardin chama de “fenômeno humano”. “Mas agora que o universo chegou à sua linha de chegada, exige que o homem cumpra o seu dever, que assuma, por assim dizer, a direção do coro e entoe em nome de toda a criação: ‘Glória a Deus no alto dos céus!’”.

“Nós, crentes, devemos ser a voz não somente das criaturas inanimadas, mas também dos nossos irmãos que não têm a graça da fé. Não esqueçamos, em particular, de glorificar a Deus pelas brilhantes realizações da técnica. São obras do homem, é verdade, mas o homem, de quem é obra? Quem o fez?”.

A glorificação – sublinha Frei Raniero – não serve naturalmente a Deus, mas a nós. “Com ela, se redime a criação da senilidade e da vaidade, isto é, do não-senso, em que a arrastou o pecado dos homens e a arrasta hoje a incredulidade do mundo”, disse.

Rezar “com” a criação

São Francisco de Assis – conclui o Pregador da Casa Pontifícia – tem algo a dizer ainda hoje a propósito do ecologismo:

“Ele não reza ‘pela’ criação, pelo seu cuidado (no tempo dele não havia ainda necessidade); reza ‘com a criação’, ou ‘pela causa da criação’, ou ainda ‘por motivo da criação’. São todas nuances presentes na preposição ‘pelo’ por ele usada: ‘Laudato Si, meu Senhor, pelo irmão sol, pela irmã lua, pela irmã mãe terra’. O seu canto é uma doxologia e um hino de ação de graças. Mas precisamente disto deriva o respeito extraordinário por cada criatura pelo qual queria que até às ervas selvagens fosse deixado um espaço para crescer”.

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