O lançamento foi feito em Washington (EUA); o objetivo foi denunciar o grave aumento da violência e das violações de direitos dos indígenas no Brasil
Da redação, com Rádio Vaticano
Nesta quarta-feira, 21, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou, em Washington (EUA), a versão em inglês do Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – dados de 2014. O lançamento foi feito na sede da organização Amazon Watch.
O objetivo desse evento foi denunciar o grave aumento da violência e das violações de direitos dos indígenas em todo o país e, em especial, a crise humanitária que o povo Guarani-Kaiowá enfrenta no Mato Grosso do Sul. Além da presença de Eliseu Lopes, liderança do povo Guarani-Kaiowá; Lindomar Ferreira, liderança do povo Terena; e Cleber Buzatto, secretário executivo do Cimi. Também participaram indígenas equatorianos, que deram testemunhos da situação no país.
Denúncia internacional
Na tarde de terça-feira, 20, Eliseu Lopes, Lindomar Terena e Cleber Buzatto participaram de uma audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), sobre o aumento da violência e das severas violações de direitos dos povos indígenas. Foram denunciadas a paralisação na demarcação das terras indígenas e a formação de milícias armadas, organizadas por fazendeiros, para atacar comunidades em todo o país.
Na ocasião, eles aproveitaram a oportunidade para divulgar a campanha pelo boicote à importação de produtos agrícolas oriundos do Estado do Mato Grosso do Sul, que são produzidos em terras tradicionais indígenas.
No mês passado, em sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, na Suíça, Eliseu afirmou que o seu povo está cansado de esperar e que já não consegue mais acreditar na vontade do Estado brasileiro de resolver efetiva e definitivamente a cruel situação vivida por eles.
Relatório
Apenas em 2014, o Relatório registrou 138 casos de assassinatos e 135 casos de suicídios, sendo que destes 41 assassinatos e 48 suicídios aconteceram no Mato Grosso do Sul. Os dados também revelam um severo aumento das mortes por desassistência à saúde, mortalidade na infância, invasões possessórias e exploração ilegal de recursos naturais e de omissão e morosidade na regularização das terras indígenas.
Tradição
Com 45 mil pessoas, os Guarani-Kaiowá são a segunda maior população indígena do Brasil e ocupam apenas 30 mil hectares de suas terras tradicionais. De acordo com dados do governo federal, se todas as áreas reivindicadas por eles como territórios indígenas forem demarcadas, elas representam cerca de apenas 2% da área total do estado. Por outro lado, o Mato Grosso do Sul tem 23 milhões de bovinos, que ocupam 23 milhões de hectares de terra.