Bento XVI recordou no Angelus de domingo a situação perigosa em que se encontram os 70 refugiados eritreus feitos reféns por organizações criminosas de tráfico humano no Sinai, fronteira entre Israel e Egito. A sorte dessas pessoas permanece incerta.
Desde que medidas mais severas foram adotadas na Europa para restringir as imigrações clandestinas, as rotas de quem parte da África para o ocidente mudaram. A esse respeito, a Rádio Vaticano entrevistou o diretor do Centro Italiano para Refugiados, professor Cristopher Hein. Segundo ele, as medidas mais restritas dificultam o trajeto que percorrem os imigrantes. Explicando essa situação, ele disse que, no ano passado, por exemplo, alguns provenientes da África atravessaram o Estreito de Gibraltar, que depois passou a ser muito controlado pela Espanha.
O movimento imigratório deslocou-se para o enclave espanhol em território marroquino, porém, sempre parte da União Europeia, de forma que se formou um "muro" de proteção nessa área e os imigrantes passaram a usar as Ilhas Canárias como rota. Mas a Espanha interveio na Mauritânia e no Senegal, fechando também essas passagens.
Isso deixou quem não tinha a opção de voltar para casa, como os eritreus, sem escolha. Eles são refugiados e não retornam às suas terras porque temem pelas suas vidas.
O professor afirmou ainda que essa é uma daquelas situações em que quanto mais se "fecha o cerco" nas fronteiras, mais aumenta o mercado das organizações criminosas que oferecem alternativas.
Cristopher sugere como solução a abertura de um canal legal para a chegada dessas pessoas, sem que suas vidas corram riscos e sem que se permita a ação dessas organizações criminosas.
Indagado sobre o que poderia acontecer a esses refugiados mantidos reféns caso venham a ser libertados, o professor disse que, no Egito, correm o risco de serem presos em um centro de detenção, mas, em tal caso, poderia tentar-se outra solução através das Nações Unidas.
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