Em sua homilia, Papa Francisco frisou que o estilo de Jesus é a misericórdia, e que portanto, os cristãos devem perdoar
Da redação, com Rádio Vaticano
O Papa Francisco desenvolveu sua homilia na missa da manhã desta quinta-feira, 10, na Casa Santa Marta, sobre a paz e a reconciliação. O Pontífice condenou os que produzem armas para matar nas guerras, mas também chamou a atenção para os conflitos dentro das comunidades cristãs, e fez mais uma nova exortação aos sacerdotes a serem misericordiosos como é o Senhor. “Jesus é o Príncipe da Paz, porque gera paz em nossos corações.” E imediatamente perguntou se “nós agradecemos por este dom da paz que recebemos em Jesus”. A Paz, disse, “foi feita, mas não foi aceita”.
O Papa chamou a atenção para as notícias que temos recebido todos os dias nos jornais sobre as guerras, destruições, ódio e inimizades. “Há homens e mulheres que trabalham muito – trabalham muito! – para fazer armas para matar, armas que no fim se banham no sangue de tantas pessoas inocentes, de tanta gente. Há guerras! Há guerras e existe a maldade na preparação da guerra, de produzir armas contra os outros, para matar!” e destacou que a paz salva, nos faz viver e crescer, enquanto a guerra nos aniquila, nos rebaixa.
Quem não sabe perdoar, não é cristão
Francisco acrescentou que a guerra não é só essa. Que a guerra está também nas comunidades cristãs, e o conselho que a liturgia dá hoje aos fiéis é: fazer a paz. Assim como o Senhor perdoa, devem fazer assim também. “Se você não sabe perdoar, você não é um cristão. Você vai ser um homem bom, uma boa mulher … Mas, se você não perdoar, você não pode receber a paz do Senhor, o perdão do Senhor. E todos os dias, quando rezamos o Pai Nosso: Perdoai-nos assim como nós perdoamos … ‘ é um condicional. Procuramos convencer Deus de que somos bons, como nós somos bons perdoando. Palavras, não? Como se cantava naquela bela canção: ‘Palavras, palavras, palavras, certo?’ (Acho que Mina a cantava …) Palavras! Perdoem-se! Como o Senhor os perdoou, assim façam entre vocês”.
A língua destrói, faz a guerra
Há necessidade de “paciência cristã”, disse o Papa. “Quantas mulheres heróicas existem no nosso povo – disse – que suportam pelo bem da família, dos filhos tantas brutalidades, tantas injustiças: suportam e vão em frente com a família”. Quantos homens “heróicos existem em nosso povo cristão – continuou ele – que suportam se levantar de manhã cedo e ir para o trabalho – muitas vezes um trabalho injusto, mal pago – para voltar só à noite, para manter sua esposa e filhos. Estes são os justos”. Mas, advertiu, há também aqueles que “fazem trabalhar a língua e fazem a guerra”, porque “a língua destrói, faz a guerra!” Há outra palavra-chave, disse em seguida Francisco, “que é dita por Jesus no Evangelho”: “misericórdia”. É importante “compreender os outros, e não condená-los”. E disse aos sacerdotes que sejam misericordiosos, não “batam nas pessoas no confessionário. “Se você é um sacerdote e não se sente misericordioso, diga ao bispo para lhe dar um trabalho administrativo, não vá ao confessionário, por favor! Um sacerdote que não é misericordioso é um mal confessor! Dá bordoadas nas pessoas. ‘Não, papa, eu sou misericordioso, mas estou um pouco nervoso …’. “É verdade … Antes de ir ao confessionário vá ao médico para dar-lhe uma pílula contra os nervos! Mas seja misericordioso!’.
E mesmo entre nós, devemos ser misericordiosos. ‘Mas é ele que fez isso … eu o que fiz?’; ‘Aquele é mais pecador do que eu!’: quem pode dizer isso, que o outro é mais pecador do que eu? Nenhum de nós pode dizer isso! Só o Senhor sabe”.
Como ensina São Paulo, evidenciou em seguida o Papa, é necessário se vestir de “sentimentos de ternura, bondade, humildade, mansidão e paciência”. Este, disse Francisco, “é o estilo cristão”, “o estilo com o qual Jesus fez a paz e a reconciliação”. “Não é o orgulho, não é a condenação, não é falar mal dos outros”. Que o Senhor, concluiu, “nos conceda a todos a graça de nos suportarmos uns aos outros, de perdoar, de sermos misericordiosos, como o Senhor é misericordioso para conosco”.