Pastoral Carcerária da Bolívia entrega ao Papa livro com escritos dos detentos
Da redação, com Rádio Vaticano
“Vozes em liberdade”: este é o título do livro que os detentos da Bolívia prepararam para o Papa Francisco, que visita na manhã desta sexta-feira, 10, a maior prisão do país: Palmasola.
O responsável nacional da Pastoral Carcerária e organizador desta visita do Papa é o brasileiro Pe. Leonardo da Silva, que mora há 10 anos na Bolívia. No preparo do livro, ele esteve em todas as prisões nacionais, pedindo aos detentos que escrevessem livremente ao Pontífice: orações, relatórios sobre suas condições, exemplos de reinserção e experiências de pessoas sentenciadas injustamente.
Francisco visita o Pavilhão chamado “PC-4”, de regime semiaberto, que hoje abriga cerca de 3800 detentos. Destes, 54 são brasileiros. Ali, a organização segue outra lógica: não existem celas, grades, horários fixos ou banho de sol. É como um bairro, com vielas, casas ou sobrados em que os detentos têm que pagar aluguel. O dinheiro do aluguel é conquistado trabalhando dentro da própria prisão, como padeiro, carpinteiro, eletricista e cozinheiro.
O contato com a realidade externa não é completamente interrompido. Não existem as visitas íntimas: os familiares podem ingressar e pernoitar com o detento, inclusive os filhos.
Apesar de os presidiários não serem submetidos a condições degradantes de vida, não é um lugar onde alguém gostaria de estar. Há dois anos atrás, neste mesmo presídio, 35 detentos morreram em um motim (inclusive duas crianças que visitavam seus pais). Além disso, por ser baseado no dinheiro, a corrupção é alta, assim como a ineficiência judiciária.