Testemunho heróico de vida

Primeiro índio da América do Sul é beatificado na Argentina

Ceferino Namuncurá tornou-se o primeiro beato índio da Argentina e o segundo da América, depois do mexicano Juan Diego, hoje santo. A cerimônia presidida pelo secretário do Vaticano, Tarcísio Bertone, aconteceu neste domingo, em Chimpay, cidade natal do nativo mapuche, na Patagônia.

Cerca de 100 mil pessoas se reuniram para a beatificação, que animou muitos argentinos que esperam que Ceferino seja, também, canonizado.

O milagre que levou o indígena aos altares foi o de Valéria Herrera que soube que tinha câncer de útero no ano 2000 e, em seu desespero, recordou a devoção de sua avó por Ceferino, e rezou pedindo a intercessão dele junto à Deus por sua saúde. Depois de dois dias o tumor havia desaparecido, fato inexplicável constatado pelos médicos.

Ceferino Namuncurá – Fruto da espiritualidade salesiana

Ceferino nasceu em Chimpay no dia 26 de agosto de 1886 e foi batizado dois anos mais tarde pelo missionário salesiano Padre Milanésio, que havia mediado o acordo de paz entre os Mapuches e o exército argentino, tornando possível ao Pai de Ceferino conservar o título de "Grande Cacique" para si e também o território de Chimpay para o seu povo.

Tinha 11 anos quando o pai o matriculou na escola governativa de Buenos Aires: queria fazer do filho o futuro defensor do seu povo. Mas ali Ceferino não se sentia à vontade. O pai por isso o mudou para o colégio salesiano "Pio IX" (Buenos Aires). Foi aí que iniciou a aventura da graça que transformaria um coração não iluminado ainda pela fé num testemunho heróico de vida cristã.

Demonstrou logo muito interesse pelo estudo, enamorou-se das práticas de piedade, apaixonou-se pelo catecismo e se tornou simpático a todos, colegas e superiores. Dois fatos o impulsionaram para os cumes mais altos: a leitura da vida de Domingos Sávio, de que se tornou ardoroso imitador, e a primeira Eucaristia, na qual vinculou um pacto de absoluta fidelidade com o seu grande amigo Jesus. Desde então aquele rapaz, que sentia dificuldades em "entrar na fila" e "obedecer ao sinal do sino", tornou-se um modelo.

Ceferino, que queria ser padre, adoeceu com tuberculose. Então fizeram-no voltar ao clima da terra natal. mas não foi o suficiente. Dom Cagliero, então, achou que na Itália poderia receber cuidados melhores. A sua presença no país não passou despercebida: os jornais falaram com admiração do "Principe de las Pampas". 

O Papa Pio X o recebeu em audiência particular, ouvindo-o com interesse e presenteando-o com uma sua medalha 'ad principes'.

Ceferino faleceu no dia 11 de maio de 1905, na Ilha Tiberina, em Roma, deixando suas marcas de bondade, diligência, pureza e alegria inimitáveis.

Os restos de Ceferino foram repatriados em 1924 e se encontram no santuário de María Auxiliadora, em Fortín Mercedes, na província de Buenos Aires.

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