No Dia Mundial da Obesidade, as estatísticas mostram que não há muito a se comemorar: 30 milhões de brasileiros estão acima do peso
Thiago Coutinho
Da Redação
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, 30 milhões de pessoas adultas são obesas. Em 10 anos, a obesidade passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016, atingindo quase um em cada cinco brasileiros. Os dados não são muito animadores, sobretudo nesta quarta-feira, 11, quando é comemorado o Dia Mundial da Obesidade e o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade.
Atualmente, a obesidade é tratada como problema de saúde pública. Combater e, acima de tudo, prevenir são as principais ações a serem tomadas para quem deseja levar uma vida saudável. Trata-se de uma doença crônica que pode vir acompanhada de outras complicações, como diabetes, doenças cardiovasculares, asma, gordura no fígado e alguns tipos de câncer.
“A prevenção começa pelas escolhas. Em meio a tantas variedades processadas, a melhor alternativa é optar pelo produto mais natural possível, como frutas, verduras e legumes, de preferência orgânicos. É importante ter uma alimentação livre ou com mínima quantidade de açúcar, gorduras trans, alimentos transgênicos, entre outros, além de praticar exercícios físicos regularmente”, explica a nutricionista Eveline Aparecida.
Leia mais:
.: Relação entre obesidade e câncer é apontada em levantamento
.: Obesidade infantil: Como tratar?
Além dessas precauções e seus benefícios, manter-se no peso ideal evita a manifestação de uma série de doenças. “Tratar obesidade reduz diabetes, hipertensão e várias doenças associadas. Isso tem impacto nos gastos com doenças crônicas e, principalmente, na saúde e qualidade de vida do paciente”, afirma a médica Maria Edna de Melo, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO).
Última alternativa
Uma saída que tem se tornado comum entre as pessoas contra a obesidade é a cirurgia de redução de estômago, ou a cirurgia bariátrica. Mas este é um expediente que só deve ser adotado quando todas as possibilidades de se perder peso foram esgotadas e não surtiram efeito.
“A cirurgia bariátrica é a última alternativa, ou seja, indicada somente para pacientes que não obtiveram sucesso na perda de peso, em que o IMC [índice de massa corporal, cálculo utilizado para avaliar o peso do indivíduo em relação à sua altura e, assim, indicar se está dentro, acima ou abaixo do peso desejado.] se encontra maior que 40 kg/m², a obesidade mórbida”, esclarece a nutricionista Eveline.
Quando todas as alternativas foram postas em práticas mas não funcionaram, pode ser que a intervenção cirúrgica seja a melhor saída. A carioca Bianca Oliveira foi um desses casos. Após diversas tentativas frustradas, Bianca se viu obrigada a tomar uma decisão mais radical, pois já apresentava todas as características de uma pessoa com obesidade mórbida.
“Agendei uma consulta com o cirurgião e ele pediu que eu me pesasse de costas para a balança. Perguntou quanto eu achava que pesava, respondi 87 kg. Ele, então, pediu que eu me virasse. Quando vi os números fiquei chocada! Tenho 1,53m e estava com 98 kg, o que dava um IMC de 41,86. Chorei, não me via daquele jeito, decidi ali, na hora, que faria a cirurgia. Em um mês estava com todos os exames e laudos nas mãos”, recorda.
Hoje, Bianca pesa 53 kg, pratica atividades físicas regularmente, zela por uma alimentação balanceada e ainda participa de maratonas no Rio de Janeiro. “Parado ninguém conquista nada. Nós é que fazemos acontecer. Deus me fez uma vencedora e serei uma”, vibra.
Por isso, o ideal é que a família toda adote uma postura mais saudável, tanto nos hábitos alimentares quanto no condicionamento físico. E isto, desde a mais tenra idade. “Não existe uma idade definida. A recomendação é iniciar a prática de exercício físico desde a infância com o incentivo dos pais”, certifica a nutricionista.
Há outros casos, porém, em que a simples consciência de que algo não vai bem é o gatilho necessário para que a pessoa mude de vida. Foi neste contexto que a paranaense Deonilce Galvan Vergutz e seu filho, Adriano Galvan, resolveram arregaçar as mangas e partir para um estilo de vida mais saudável.
“Eu me sentia muito mal. Tinha falta de ar, dificuldade para caminhar, para dormir, a saúde só foi piorando. Meu filho mais novo também estava acima do peso, então entramos nessa. Eu já estava com início de diabetes e nem sabia. Tinha 50 anos e o Adriano perto de 26”, relembrou Deonilce que, com todo seu empenho ainda conseguiu controlar a doença e conviver com ela. “O diabetes reverteu totalmente, mas pode voltar facilmente se não me cuidar agora”, acrescentou.
Em quase seis meses, Deonilce perdeu 22 kg e seu filho, 25 kg. Mas ela fica atenta a quaisquer descuidos para não ganhar o que perdeu ao longo das 20 semanas de dieta e exercícios. “Não dá pra brincar com a comida. O peso volta fácil. Eu me descuidei um pouco e recuperei 6 kg. Estou brigando pra me controlar. Não posso engordar ou perderei tudo o que conquistei. Não quero outra vez aquela frustração. O diabetes reverteu especificamente por causa da dieta”, diz Deonilce.
Educar é o melhor caminho
Segundo dados da ABESO, a projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estarão com excesso de peso, sendo mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade poderá chegar a 75 milhões, caso nada seja feito.
“A melhor forma de educar as crianças quanto a uma vida saudável é dar bom exemplo, tendo, de fato uma alimentação saudável, apresentar os malefícios e as consequências de uma alimentação não balanceada. Além disso, é importante evitar a compra de produtos processados para crianças”, finaliza a nutricionista Eveline.