O presidente de Israel elogiou nesta sexta-feira, 15, a coragem de Bento XVI, que nesta segunda-feira apresentou a renúncia ao pontificado, e disse lamentar “muito” esta decisão do Papa.
“Trata-se de uma decisão original, porque ele é um homem original e corajoso. Considero-o um líder espiritual extraordinário e único”, refere Shimon Peres, num artigo de opinião publicado no jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’.
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O texto, intitulado ‘A sabedoria nunca envelhece’, fala do Papa alemão como “um homem de pensamento profundo”.
“Lamento muito a decisão do Papa de renunciar ao pontificado. Penso que a contribuição de Bento XVI teve um impacto importante”, escreve Peres, que em maio de 2009 recebeu o líder da Igreja Católica em Israel.
O presidente israelita ressaltou o compromisso “autêntico” de Bento XVI “pela paz e pela humanidade”.
“Possui a sinceridade do crente verdadeiro, a sabedoria de quem compreende as mudanças da história e a consciência de que, não obstante as diferenças, não nos devemos tornar estranhos ou inimigos”, acrescenta.
Peres sustenta que o atual pontificado ficou marcado por “inúmeros gestos” no âmbito das relações entre a Igreja Católica e os judeus, sublinhando que Bento XVI “afirmou que o povo judeu não é responsável pela morte de Jesus” [citação da obra ‘Jesus de Nazaré’, assinada por Joseph Ratzinger] e que “Deus nunca abandonou o povo judeu”.
“Em Jerusalém rezaremos a fim de que possa recuperar as forças físicas e oferecer a própria sabedoria, profundidade e amizade a todos os povos, a todas as religiões”, observa o antigo Prêmio Nobel da Paz.
O Papa visitou Israel e a Sinagoga de Roma (17.01.2010), para além de se ter manifestado por diversas vezes em favor da paz no Médio Oriente.
“[Bento XVI] não pode ser considerado como o líder administrativo do Vaticano, mas como guia espiritual, dotado de profundidade, conhecimento e sabedoria. Considero-o um amigo. Desejo-lhe todo o bem e permanecerei em contato com ele”, promete o presidente israelita.
“Recordá-lo-emos com respeito e estima por tudo o que fez”, conclui Shimon Peres.
O Papa Bento XVI, eleito em abril de 2005, vai concluir o seu pontificado a 28 de fevereiro, abrindo caminho à eleição de um sucessor.
