Rebelião popular

Premiê nomeia governo de união na Tunísia e rebate críticas

O primeiro-ministro da Tunísia contestou nesta terça-feira, 18, às críticas que recebeu por manter em seus cargos ministros que participaram do governo deposto na semana passada.

Mohamed Ghannouchi convocou na segunda-feira, 17, membros da oposição para participarem do governo de união nacional, formado após a fuga do presidente Zine al Abedine Ben Ali para a Arábia Saudita, em meio a uma rebelião popular. Mas muitas figuras relevantes da "velha guarda" foram mantidas, o que irritou muitos tunisianos.

Em entrevista à rádio francesa Europe 1, Ghannouchi disse que tentou "levar em conta as diferentes forças no país, para criar as condições para o início de reformas". O premiê disse que os ministros são confiáveis e ajudarão na realização de eleições, previstas para dentro de dois meses.

Ghannouchi rejeitou também a noção de que a "ditadura" de Ben Ali será mantida sob um novo disfarce. "Isso é completamente injusto. Hoje há uma era de liberdade que está se mostrando na televisão, nas ruas."

Ben Ali deixou a Presidência, que ocupou durante 23 anos, após uma série de protestos populares contra a pobreza, o desemprego e a corrupção. A rebelião popular repercute em todo o mundo árabe, onde outros governos autoritários tentam controlar manifestações de insatisfação.

Na madrugada de terça-feira, houve relatos de tiroteios esporádicos em várias partes de Túnis, mas os disparos eram significativamente mais reduzidos do que nas noites anteriores.

Ao amanhecer, os cafés da avenida Bourguiba começavam a recolocar suas mesas nas calçadas do bulevar, pela primeira vez desde a semana passada, e lojas estavam reabrindo.

A avenida foi cenário de um protesto contra o governo na segunda-feira. Como é habitual, havia presença de policiais e militares na terça-feira, mas nenhum sinal de manifestações.

No subúrbio de Ariana, um fotógrafo da Reuters viu moradores se organizando em grupos para limpar os estragos deixados por vários dias de distúrbios.

Em entrevista à TV estatal, o ministro do Interior, Ahmed Friaa, disse na segunda-feira que pelo menos 78 pessoas morreram nos distúrbios, e que os prejuízos podem chegar a 2 bilhões de dólares.

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