Sínodo da Família

Porta-voz do Vaticano apresenta resumo deste 2º dia do Sínodo

Padre Federico Lombardi comentou sobre os vários temas apresentados pelos padre sinodais na assembleia desta terça-feira

Da redação, com Rádio Vaticano

Uma maior preparação para o matrimônio a ser visto não como um ponto de chegada, mas como um caminho rumo a uma meta mais alta para um autêntico crescimento pessoal e do casal. Essa foi uma das prioridades indicadas nesta terça-feira, 7, durante o debate da Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a família.

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, destacou que na abertura dos trabalhos foi feito um anúncio importante referente ao dia 20 deste mês:

“Foi anunciado, por desejo do Santo Padre, que no dia 20 – para o qual já estava previsto um Consistório para as Causas de Canonização – este Consistório alargará a temática: todos os cardeais e patriarcas que poderão estar presentes falarão sobre a situação do Oriente Médio baseados nas considerações do encontro dos núncios, realizado semana passada”.

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Renovar a linguagem da Igreja

Padre Lombardi disse ainda que os padres sinodais abordaram vários temas nesta terça-feira. Em particular, a exigência de renovar a linguagem do anúncio do Evangelho.

“Vários pronunciamentos versaram sobre a atenção à linguagem e às linguagens que a Igreja deve usar para responder e fazer-se entender. Outro grande núcleo, em torno do qual giraram vários pronunciamentos, versou também sobre o respeito ao gradativo: ou seja, o fato de haver um caminho mediante o qual os fiéis cristãos se aproximam daquilo que é o ideal da família cristã e do matrimônio cristão na apresentação do Magistério da Igreja.”

O porta-voz do Vaticano explicou que esse tema do gradativo foi abordado com várias interessantes considerações, e recordou uma delas, em particular:

“É uma analogia com o que diz o Concílio: a Igreja subsiste plenamente na Igreja Católica, mas que existem elementos preciosos e importantes para a santificação também fora da Igreja Católica. Assim, por analogia, se pode raciocinar sobre o fato que há uma visão plena, ideal do matrimônio e da família cristã, mas existem elementos absolutamente válidos e importantes, inclusive de santificação e de amor verdadeiro, que podem existir mesmo quando não se alcança ainda plenamente este ideal.”

Outro tema destacado pelos padres sinodais foi a importância da promoção do conhecimento “objetivo e profundo” do Magistério da Igreja, que muitas vezes, não é “suficiente conhecido”, explicou padre Lombardi, e complementou: “Portanto, também os aspectos da catequese, da preparação para o matrimônio. E não somente no momento da preparação para o matrimônio, mas em continuidade com todas as etapas da vida cristã, de modo que haja uma continuidade e uma coerência na formação da vida cristã, da preparação e da compreensão do matrimônio e da família.”

Famílias que vivem em locais de conflito

O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, disse que os padres sinodais recordaram também das famílias que vivem em terras e países dilacerados por tensões e conflitos:

“Houve muitos pronunciamentos interessantes, naturalmente, que evidenciam as diferentes situações que existem na Igreja. Em particular, chamaram a atenção também pronunciamentos que referiram sobre as dificuldades das famílias nas situações de conflito. Naturalmente, com referências às situações do Oriente Médio, mas também recordando outras situações, como a dos conflitos nos Bálcãs. E os reflexos que tiveram sobre a situação da vida da família, os problemas das migrações e as dificuldades que apresentam, e assim por diante.”

Casais em dificuldades e recasados

Em vários pronunciamentos foi também ressaltado que a Igreja deve apresentar aos casais em dificuldade e aos divorciados recasados não um juízo, mas uma verdade, com um olhar de compreensão. Em particular, num mundo marcado pela influência da mídia ao apresentar ideologias muitas vezes contrárias à doutrina cristã, a Igreja deve oferecer seu ensinamento de modo mais incisivo, explicou padre Lombardi.

“Outros temas importantes, que foram tocados, dizem respeito às passagens do Evangelho e de São Paulo, em que se fala da indissolubilidade do matrimônio e não se coloca em dúvida que isso faça referência à vontade e à mensagem de Jesus. Porém, se veem já no Novo Testamento elementos de experiência de dificuldade com os quais – já no tempo da Igreja primitiva – se devia cotejar para uma interpretação, uma aplicação da vontade de Jesus. Isso sem chegar a conclusões específicas, mas para dizer que a problematicidade da aplicação das exigências radicais do Evangelho acompanha toda a história da Igreja”.

A necessidade não é a de uma escolha entre a doutrina e a misericórdia, salientou o porta-voz do Vaticano, mas do início de uma pastoral iluminada para encorajar, sobretudo, as famílias em dificuldade:

“Muitos pronunciamentos, falando também de diferentes situações concretas, dão conselhos, dão exemplificações de modelos de pastoral familiar, com o serviço para a preparação para a família, para o acompanhamento dos casais ou das famílias em dificuldade. Em muitos pronunciamentos se insiste sobre o tema do acompanhamento de modo que também quem está em dificuldade não se sinta rejeitado ou abandonado, mas sinta o amor e a atenção da Igreja.”

Acompanhamento dos casais

Durante o debate – referiu, por fim, padre Lombardi – foi reiterado que os cônjuges devem ser acompanhados constantemente em seu percurso de vida, mediante uma pastoral familiar intensa. Não se deve olhar somente para os remédios para a falência da união conjugal, mas também para as condições que a tornam válida e frutuosa.

“A importância de verificar que existam as necessárias disposições para o matrimônio: ser também bastante exigente no aceitar os casais que se apresentam para o matrimônio religioso, para o matrimônio na Igreja, e não ter por demais receio de ser exigente porque, evidentemente, se se casa muito facilmente, sem as premissas necessárias, é depois também compreensível que haja tantos casos de famílias que se esfacelam, de matrimônios que entram em crise”.

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