Poucos marfinenses têm disposição para uma intervenção militar a fim de derrubar Laurent Gbagbo e muitos se resignam a um impasse político que, temem, durará meses ou até mesmo anos.
Gbagbo trava uma luta de poder com o rival Alassane Ouattara, proclamado internacionalmente como o vitorioso da eleição presidencial de 28 de novembro. O incumbente, porém, se recusa a admitir derrota.
Os líderes do bloco regional do Oeste da África Ecowas ameaçaram Gbagbo com o uso da força, mas ele mantém o poder sobre o Exército e sobre o dinheiro proveniente do setor do cacau. O país é o maior produtor mundial da commodity.
As ruas repletas de entulho da principal cidade comercial do país, Abidjan, estão um pouco mais movimentadas agora do que no mês passado, quando um protesto de rua terminou em violência depois de os manifestantes entrarem em confronto com as forças de segurança.
Mas o cenário de desempregados passando o dia bebendo cerveja barata em barracos de madeira, frequentados por mulheres que tentam ganhar a vida vendendo bananas fritas, indica como a economia ainda sofre com o impasse.
"Não queremos força militar. Isso não resolveria nada", disse o estudante Amed Jimoh, de 29 anos, ao lado de uma rua de terra. Ele estava com muito medo de represálias para dizer quem apoiava.
Abidjan dividiu-se quase por igual, por 52 a 48, entre Gbagbo e Ouattara na eleição, indicaram os resultados da comissão eleitoral.
"Esperamos que todos os lados compreendam que temos de resolver essa crise sem violência. Queremos uma solução que traga a paz", afirmou ele, refletindo os temores de que qualquer intervenção militar possa deflagrar uma nova guerra civil, como a de 2002-2003.
Os comentários dele também ecoam os do presidente de Gana, John Atta Mills, que na sexta-feira disse que seu país não apoiaria nenhum dos lados nem uma ação militar para derrubar Gbagbo.
Quase um milhão de ganenses vivem na Costa do Marfim e, assim como outros expatriados da região, poderão se tornar alvos para grupos da multidão pró-Gbagbo caso haja uma invasão da força do Oeste Africano.
Muito antes da guerra, Abidjan costumava ser a pérola do Oeste da África: uma cidade com prédios altos, hotéis à beira da lagoa, mansões, cafés, grandes avenidas e um rinque de patinação no gelo.
A eleição deveria reunificar o país depois da guerra, mas, em vez disso, agravou as divisões entre o norte e o sul que causaram o conflito.
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