18 mil vítimas

Patriarca Laham comenta torturas e privações nas prisões da Síria

Segundo dados divulgados pela Anistia Internacional, entre 2011 e 2015 foram registradas ao menos 18 mil vítimas nas prisões sírias

Da redação, com Rádio Vaticano

“Uma guerra de informações feita de mentiras, afirmações falsas, presumíveis revelações, e que corre paralelamente aos combates com as armas para distrair e influenciar a opinião pública internacional e a população local.”

É o que afirma o Patriarca melquita, Gregorio III Laham, ao comentar a notícia de que ao menos 18 mil pessoas teriam sido mortas por torturas e privações nas prisões do governo sírio, desde o início do conflito em março de 2011.

“Como se pode acreditar nestas cifras, na exatidão dos dados, se não é permitido entrar nas prisões e são baseadas somente em alguns testemunhos parciais?”, questiona o prelado.

As informações sobre torturas constam em um relatório divulgado pela Anistia Internacional. Segundo os dados, entre 2011 e 2015, foram registradas ao menos 18 mil vítimas nas prisões sírias.

A denúncia é fruto de testemunhos de 65 sobreviventes às torturas, segundo os quais, existiria um uso sistemático da tortura, do estupro e dos maus-tratos por parte dos guardas carcerários. O governo sírio rejeita as denúncias, que indicam 300 mortes mensais nas celas.

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O documento fala de abusos sexuais durante as operações de controle, cometidos na maior parte das vezes contra mulheres detidas. Ademais, aos presos é negado cuidados médicos e o acesso à água para higiene pessoal, o que aumenta o risco de difusão de doenças.

Para o líder da Igreja Greco-melquita “não é possível comprovar estas cifras e verificar a veracidade destas informações (…) Por trás destas presumíveis revelações existe um matiz político, no contexto de uma guerra de informação, como ocorreu no passado com o acontecimento das armas químicas”.

Gregório III fala de uma manobra em andamento para desacreditar o governo sírio e a Rússia, no momento em que está nascendo uma nova aliança – Moscou, Teerã, Pequim – capaz de enfrentar as ambições estadunidenses na região. “Esta é uma outra partida no contexto da guerra entre Estados Unidos e Rússia.”

Uma avaliação que é compartilhada por grande parte da população síria que se sente vítima de “uma guerra suja” que, em cinco anos, provou 250 mil mortos e 11 milhões de deslocados, conta o prelado.

“Nós Patriarcas há tempos afirmamos que uma verdadeira aliança internacional pode vencer o terrorismo, mas existem interesses contrapostos. A única voz da verdade é a do Papa Francisco, que não se cansa nunca de lançar apelos pela amada Síria, que denuncia a hipocrisia de uma comunidade internacional que fala de paz e depois vende armas às partes em luta”, afirma Gregorio III .

Na realidade, prossegue o Patriarca, a situação em algumas áreas da Síria sob o controle governativo, como Damasco e Homs, é de relativa calma e desde o mês de fevereiro não são registrados graves episódios de violência. Os problemas maiores estão na fronteira com a Turquia e em Aleppo, metrópoles vítimas de destruições, bombas, devastações. 50% da população fugiu e a cidade se preparara para viver a mãe de todas as batalhas.

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