"Boa parte daquilo que o Haiti recebeu como promessa de ajuda não aconteceu". Com estas palavras, o médico brasileiro, Dr. David Souza, que esteve no Haiti como voluntário, após o terremoto que devastou o país, aponta que as necessidades dos haitianos ainda são urgentes.
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.: Entrevista com Dr. David Souza
O médico explica que é importante a ajuda com alimentos, água, roupas e novas moradias, entretanto se tornou fundamental a formação de profissionais de saúde do próprio Haiti e medidas de base para a reconstrução do território. “O Haiti precisa de inciativas sustentáveis (…), ajudas que pensem em formar capacidades locais”, destaca.
Dr. David recorda que muitas foram as dificuldades da população, depois do desastre: “Você via a destruição total da cidade. Muitas pessoas vagando ainda pelas ruas, tentando encontrar os seus parentes, tentando estruturar o seu pensamento, muitas pessoas ainda traumatizadas com o que aconteceu”.
Além disso, o médico aponta que os voluntários no país tentavam recrutar enfermeiros e médicos haitianos, contudo eles não tinham mais seus documentos para comprovar a profissão. "Com o terremoto, também se ruiu boa parte da memória do Haiti”, constata.
Apesar de todo sofrimento, o profissional de saúde constatou que os haitianos se uniram e formaram diversas mobilizações de ajuda mútua. "Foi impressionante a capacidade da população de começar a trabalhar para cuidar do cotidiano da vida, seja buscando água ou alimento (…). Eu via esse fio de esperança, de olhar no futuro, em muitas pessoas", enfatiza, ao destacar ainda o movimento atual da população no combate à epidemia de cólera.
O médico foi enviado por uma paróquia da capital de São Paulo e atuou junto à população, prestando assistência e coordenando centros de atendimento médico na capital do país, Porto Príncipe.
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